Bons momentos para “Repensar o turismo”, o tema deste ano. Num Douro com retoma dos números pré-pandemia, as preocupações de então mantêm-se. Como tirar os turistas do rio? É a pergunta que continua a impor-se. Como tornar o Douro sustentável, poder-se-á acrescentar, porque o conceito de sustentabilidade tem que ir além dos aspetos ambientais. Sei que na Casa dos Noura, em Alijó, se procuraram algumas respostas, já que neste município, como na generalidade da região é importante que o turismo não se fique pelas margens do rio.
No contacto com alguns dos turistas que vêm até à região é possível encontrar alguns argumentos para esse esforço. A procura de locais menos movimentados, menos stressantes, por um lado, a fuga ao calor sufocante da beira-rio, por outro, ou o excesso de pessoas à espera de lugar para almoçar ou para um simples lanche são razões acrescidas para motivar o setor para uma redistribuição dos turistas pela região. O Douro é mais que paisagem, é mais que rio e que quintas que o bordejam. O Douro Vinhateiro também são as pessoas que o fazem, que o construíram através dos séculos. E essas estão, de igual modo, nas zonas altas. A propósito da efeméride de 27 de setembro, ocorreu-me postar numa rede social as referências seguintes: paisagem, património, ambiente e experiências, ilustradas por socalcos das margens do rio Tinhela, pela igreja românica do castelo de Ansiães, pelo ícone da Chave Verde, uma insígnia de práticas amigas do ambiente em unidades turísticas e pelo corte de uvas, simplesmente para provar ou para o pequeno-almoço do dia seguinte. Estas são uma pequeníssima mostra dos produtos e atividades que também se podem realizar nas freguesias em zonas mais altas. O vale do Douro visto dos cimos é belo e proporciona aos visitantes expressões de espanto.
Celebram-se este ano: 21 anos de Alto Douro Vinhateiro (ADV) – 14 de dezembro; 25 anos da publicação da Lei que cria o Museu do Douro (Museu do Território, Museu da Comunidade) – 2 de dezembro de 1997; 266 anos da constituição da região demarcada do Douro – 10 setembro de 1756. Não se reflita só sobre a sustentabilidade do ADV. Estude-se, analise-se e encontrem-se soluções, também, para a sustentabilidade económica e social do Douro no seu todo. Assim, valerá a pena celebrar efemérides.