Concluiu a Licenciatura em Direito na Universidade de Lisboa, iniciando de imediato a profissão de advogado, à qual se dedicou em exclusividade até ao 25 de Abril, atividade que interrompeu durante o período em que foi deputado à Assembleia Nacional em 1969, durante o Estado Novo, sendo um crítico do regime. Ele fazia parte da “Ala Liberal”, um pequeno grupo de deputados que defendia reformas democráticas dentro de uma ditadura autoritária. Isso destacou-o como uma voz dissidente antes mesmo do 25 de Abril, o que levava muitos a apelidá-lo de “Jovem reformista”, no Estado Novo.
Sá Carneiro foi um dos políticos mais influentes de Portugal durante o período de transição democrática que se seguiu à Revolução dos Cravos de 1974. Figura-chave na criação de um novo modelo político para o país, defendeu a democracia, o pluralismo e uma visão progressista para o futuro de Portugal. O seu papel na fundação do Partido Popular Democrático (PPD) em 6 de maio de 1974, mais tarde renomeado Partido Social Democrata (PSD), consolidou a sua posição como um líder reformista.
As suas ideias e contribuições foram diversificadas. Na defesa da Democracia destacou-se por propor um modelo de democracia social, que combinava economia de mercado com justiça social. Na modernização do país, acreditava na modernização das instituições e na descentralização administrativa, procurando aproximar o governo das comunidades locais. E na integração europeia, foi um defensor de uma política externa voltada para a integração de Portugal na Comunidade Económica Europeia (CEE), antecessora da União Europeia.
Sá Carneiro acreditava na descentralização administrativa e no fortalecimento das regiões, algo que influenciou a sua política de aproximação entre o governo central e as comunidades locais. Essa visão foi pioneira para o contexto português da época.
Foi primeiro-ministro em janeiro de 1980, mas a sua gestão foi interrompida tragicamente após apenas 11 meses. No dia 4 de dezembro de 1980 é vítima de um fatídico acidente aéreo em Camarate, do qual resultou a sua morte e de todos os membros da comitiva que o acompanhava. Até hoje, as causas do acidente permanecem objeto de debate e suspeita.
Sá Carneiro é lembrado como uma figura carismática e inovadora, que deixou uma marca indelével na história de Portugal. O seu nome está associado à luta por uma democracia robusta, à modernização do país e a um ideal de integridade política. Ele é uma inspiração para muitos no cenário político português e é frequentemente homenageado como um dos líderes mais visionários da sua época.
Há uma frase, atribuída a Sá Carneiro, que se tornou famosa e é frequentemente citada no meio político português, que reflete a sua preocupação com a ética na política e a importância da confiança pública: “Não basta ser sério, é preciso parecer sério”. Em tempos em que a ética na política é amplamente debatida, ele era considerado um exemplo de integridade e compromisso com valores morais na vida pública.