São normalmente indicados vários fatores para a pouca atratividade da profissão, nomeadamente as questões salariais.
Será que os professores portugueses ganham muito ou pouco no contexto da OCDE? Por um lado, os professores portugueses ganham cerca de 35% acima da média dos trabalhadores portugueses com formação superior. Na OCDE, em média, os professores ganham -12% que a média dos trabalhadores com ensino superior. Ou seja, em termos comparativos, face aos salários médios em cada país, os números revelam que a classe docente portuguesa é mais valorizada em termos de rendimentos que os professores de outros outros países países.
No entanto, ainda assim o poder de compra dos professores portugueses fica aquém do poder de compra dos professores de outros países da OCDE, já que os níveis médios de rendimentos em Portugal são muito inferiores, estendem-se a todas as áreas profissionais e os professores não são exceção. Os professores portugueses auferem um salário anual cerca de 17% abaixo da média na OCDE, em paridade de poderes de compra (48 mil $ internacionais em Portugal vs. 58 mil $ internacionais na OCDE).
As críticas dos professores face aos salários reflete, por isso, não um problema específico desta classe profissional, mas sim um problema transversal na nossa economia de baixos salários que afeta todas as profissões. No caso dos professores, há outros fatores relativos à progressão na carreira, condições de ensino e colocação de professores que têm tanta ou mais importância para a clara redução de atratividade da carreira ao longo dos anos. Junta-se a isto a reduzida autonomia das escolas (e, consequentemente, dos professores). Segundo números da OCDE, apenas 13% da despesa em educação está ao dispor das instituições locais e quase 81% é centralizado. Na OCDE, o cenário é totalmente diferente: 41% é gerido localmente, nas escolas, quase o mesmo que é gerido centralmente, 43% (o remanescente está a cargo das entidades regionais).
Discutir os salários dos professores ignorando todas as restantes variáveis conduzirá a uma discussão pouco consequente porque não irá aumentar significativamente o número de professores nos próximos anos.