Fala sobre o teatro na região, participam nele as principais companhias profissionais da cidade e o Teatro de Vila Real, ali representado pelo seu diretor. Chama-se “Palco Interior”, porque é também do Interior enquanto território geográfico que ali falamos. Não quero ser juiz em causa própria, mas o trabalho que tive a possibilidade de fazer, apoiado por todos aqueles que acabo de referir e também pela Direção-Geral das Artes, constitui agora um documento único sobre o momento presente e com alusões à história dos últimos cinquenta anos do teatro em Trás-os-Montes, em particular no distrito de Vila Real. Documento que é complementado pelo livro com o mesmo nome e que, para além de reflexões, diários e apontamentos extra documentário, tem ainda a versão integral de um texto para cena que escrevi ao longo deste processo. Chama-se “Regresso a Casa” e fala sobre vivências artísticas no interior transmontano.
Considero que um autor deve ser o primeiro promotor da sua obra e é por isso que escrevo este artigo. A sala da companhia Peripécia esteve lotada para assistir à estreia, conversámos todos no final e concordámos que tínhamos ali um objeto que merece ser divulgado e partilhado para chegar a mais espectadores, não só da nossa região, mas de todo o país, porque falar de Vila Real é falar do país e pensar as artes e a cultura é também pensar o país, a sua coesão ou falta dela, as suas fragilidades e as suas possibilidades.
Sentimos falta, sim, todos sentimos, da comunicação social. Não houve um único órgão de informação presente no evento nem uma única notícia a falar sobre. E não foi por falta de conhecimento; asseguro que foi feito, nas semanas e dias anteriores, um trabalho de comunicação e informação aos media. Não tivemos direito a um jornalista sequer, que pena!, logo a comunicação social que podia ser uma aliada poderosa para a promoção da cultura, das artes, da leitura no nosso país!
Julgo que a falta que sentimos foi agudizada pelo facto de, no documentário, ser muitas vezes abordada a falta de espaço que os eventos culturais conseguem ter no mundo mediático; é uma coisa que os artistas e programadores sentem. E quantas vezes o público não vai às atividades culturais que existem porque não sabe? Um projeto como este, realizado numa região do interior do país, não ter presença nos media nacionais é algo a que já nos habituámos; só que também não teve nos media locais e regionais, e então assim já perdemos argumentos para reclamar dos nacionais. Porque raio é que uma redação que está em Lisboa se há de interessar por uma coisa de Trás-os-Montes se nem a que está em Trás-os-Montes se interessa? Se me disserem isto, terei de engolir e calar, é a vida.
Seja como for, tanto o documentário como o livro estão agora ao alcance do público. A forma fácil que arranjámos para proporcionar o acesso às duas obras foi colocar um QR code no livro que dá acesso ao documentário, podendo ser visto num telemóvel, computador ou televisor. O livro pode ser encomendado online, basta procurar por esse “Palco Interior”.