Com o objetivo de incentivar quem vive no litoral a mudar-se para o interior do país, o Governo criou o programa “Chave na mão”, mas um ano e meio depois de entrar em vigor, não houve qualquer manifestação de interesse.
A medida em questão foi pensada e desenhada antes da entrada de Isabel Ferreira para o Governo. Tendo em conta que não conseguiu cativar ninguém, a secretária de Estado da Valorização do Interior admite ser preciso repensar o programa.
“Dá a ideia de que as medidas para o interior não tiveram adesão, o que é totalmente errado porque tiveram imensa procura”, refere, acrescentando que “relativamente ao programa “Chave na Mão”, específico da área da habitação, o que posso concluir é que se não teve procura não está naturalmente bem desenhado e temos que pensar novas medidas”.
O PROGRAMA
O “Chave na mão” foi lançado pelo Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU) e destina-se a residentes de grandes centros urbanos que tenham casa própria. Caso se mudem para um dos 165 concelhos de baixa densidade populacional, o IHRU paga a renda da habitação que fica para trás e coloca a casa num dos programas de arrendamento acessível. Ou seja, o proprietário mantém-se na posse do imóvel e ainda recebe uma renda pelo mesmo, que o ajuda a cobrir os custos de vida no interior.
Ainda assim, não houve quem fosse na “cantiga” e o programa ficou deserto. Isabel Ferreira diz estar já a trabalhar numa solução.
“Criámos um grupo de trabalho, chamado “Habitar no Interior”, coordenado pela secretaria de Estado da Habitação, com o intuito de pensarmos as políticas de habitação nos territórios do interior. Em breve, vamos disponibilizar o relatório que resulta dessa reflexão. Este é um programa específico, apenas da componente de habitação, que não tem nada a ver com os programas de valorização do interior que foram implementados em 2020 e 2021, em que os fundos comunitários foram muito bem utilizados nestes territórios”, afirmou.
AUTARCAS LAMENTAM
Os autarcas do interior aplaudem as políticas criadas para o interior, mas lamentam que muitas delas demorem a ser colocadas em prática.
“Falta sempre alguma coisa. O Chave na Mão é uma boa intenção. Fazem-se boas políticas para o Interior e, depois, demoram muito tempo a serem concretizadas”, lamentou Fernando Queiroga, presidente da Câmara de Boticas e vogal da Associação Nacional de Municípios Portugueses, em declarações ao JN.
Também Carlos Santiago, presidente da Câmara de Sernancelhe e da CIM Douro, pede mais divulgação das medidas existentes, referindo que “deve aproveitar-se esta onda do teletrabalho, para que o interior possa ter mais vida”.


