PERFIL
Fundação: agosto de 1961
Elementos: 44
Dinamizado pelo Centro Cultural e Recreativo de Beça (CCRB), que foi oficializado em agosto 1981, ainda que antes disso já existisse um rancho.
Manter vivas as danças, cantares e tradições da região são objetivos que orientam desde aí a atividade. As canções são fruto de uma recolha junto da população mais velha, feita pela fundadora da coletividade, Ilda Matos, e sujeitas a algumas adaptações. Também os trajes que apresentam em palco se baseiam nas roupas de outros tempos, quer de trabalho, quer dos dias festivos, com destaque para os confecionados em lã de burel, e por isso, predominam os tons mais escuros e não faltam as croças, capas feitas em palha.
São embaixadores da etnografia de Boticas e participam em diversos festivais de norte a sul do país.
Hoje em dia conta com 44 elementos, entre os oito e os 70 anos, e é um grupo com muita renovação, garante a atual presidente do Centro Cultural, Cândida Eiras, sendo constituído maioritariamente por pessoas mais novas. “Uns jovens entram, outras pessoas saem, porque vão para fora, ou envelhecem e ficam debilitadas fisicamente”, refere. O grupo já chegou a ter 60 ou 70 elementos, e integra 10 pares de dançarinos. E, segundo a responsável “têm-se arranjado muitos casamentos no grupo”.
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“Estava sempre na associação, via os meninos a dançar e também queria juntar-me”
Luana Silva, 15 anos
Passando de avós para netos, “é por isso que se tem mantido”, garante a também presidente da junta de freguesia, que acredita que “o grupo vai ser eterno, porque há sempre alguém para continuar”. “Esta associação existe para promover o bem-estar de jovens, manter os tempos livres ocupados, além de conseguirmos divulgar as nossas tradições, que mostramos pelo país fora”, frisa Cândida, que diz mesmo que a associação “é o motor desta aldeia”.
Cristina Matos, de 55 anos, é filha da fundadora do rancho, o que a levou a entrar no grupo aos oito anos. O gosto inicial não esmoreceu e é ela que faz os trajes para os vários elementos, ajudando a continuar o legado da mãe. Considera que esta “é uma atividade muito boa para a aldeia, que junta os jovens e é como um desporto”, além de ser “bom manter as tradições”.
Não só percorreram Portugal de lés-a-lés, como se apresentaram em Espanha, França, Estados Unidos da América, Canadá e Brasil.
As deslocações são uma das motivações para os mais jovens se juntarem ao rancho, mas a principal razão é o entusiasmo desenvolvido a assistir aos ensaios e às apresentações.
Agora com 15 anos, Luana Silva quis fazer parte do rancho logo aos quatro. “Estava sempre na associação, via os meninos a dançar e também queria juntar-me”, conta.
“Já conheci vários sítios com o rancho, também é bom” e, apesar de alguma vergonha em falar sobre o projeto, garante que quando sobe ao palco “não fico nervosa”. “Toda a gente, mesmo os jovens, gostam de ver o rancho”.
“A associação existe para promover o bem-estar dos jovens, ocupar os tempos livres, além de divulgar as nossas tradições”
Cândida Eiras,
Presidente do CCRB
Também Alexandra Nogueira começou desde bem pequena no grupo. “Os meus irmãos e outros familiares já andavam e fui acompanhando até hoje”, afirma dizendo que “é preciso gostar mesmo para andar no rancho”. A vertente familiar é também fundamental para a renovação, que tem sido possível.
“As minhas filhas também andam aqui, é um grupo de família”, e mesmo quem não tem relações de parentesco “passa a ser da família”.
Acompanhados por acordeão, bombo, castanholas e ferrinhos, à apresentação de danças juntam-se produtos locais, como merendas, batatas, centeio, milho, para “lembrar os avós e o trabalho do campo”.
O CCRB conta com o apoio financeiro do município, que contribui ainda com o transporte, sendo igualmente importante o apoio das famílias.