Sentada à espera do início da sessão de abertura (sexta-feira) está Maria Emília. A mulher vive na vila e veio para passear e conviver, mas não deixa de mencionar à VTM que a Semana do Barrosão é “boa para a economia local, porque traz muita gente de fora”.
Da localidade também é Paula Pereira, que tem uma barraca repleta de flores, num negócio que abriu há pouco tempo. A mulher de 33 anos também considera que o evento é “bastante importante porque faz com que as pessoas venham cá e participem” e confessa que, tanto ela como os filhos, gostam muito de ver as chegas de bois.
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Já iniciada a sessão de abertura, Nuno Sousa, da Associação de Criadores de Gado, explica que, com os incentivos do município, “tentamos com que os nossos produtores, através do trabalho que eles têm, consigam ter melhores condições de trabalho e de vida” e lamenta que “muitas vezes, as pessoas não tenham noção da dificuldade que é ser agricultor neste território. É um trabalho árduo numa atividade que cada vez mais está difícil conseguir manter os jovens”.
‘Este evento é uma mais valia para os agricultores e para incentivar os jovens a ficar cá”
Maria Emília
Visitante
Apesar disso, a presidente da Câmara Municipal de Montalegre, Fátima Fernandes, menciona que “a agricultura hoje já não é para pobres e analfabetos, é para gente que sabe” e portanto, pode-se perspetivar que os mais novos também possam ser “muito felizes” nesta atividade.
Podem ser poucos, mas ainda existem. Um dos produtores mais novos que marcaram presença neste primeiro dia do evento foi João Dourado, que está na atividade “desde sempre”, e é algo que tem nas suas “mais humildes e antigas memórias”. O homem de 34 anos recorda-se “de estar atrás do meu pai, do gado, de andar nos campos, por esta imensidão verdejante e de imensa beleza que é o Barroso”.
Ao contrário da maré jovem que parece estar a querer escapar desta realidade, João Dourado, apesar de admitir que, “desde novo me incutiram que a agricultura é má e que tinha de estudar para ter um futuro melhor”, garante que “a agricultura é o futuro, porque as pessoas precisam de ter algo na mesa e as coisas não aparecem no supermercado, é preciso fazer por isso”. Para isso, pede, no futuro “mais valorização, mais apoios e mais reconhecimento a nível nacional, principalmente das autoridades competentes”.
Também produtor, embora com mais alguns anos de experiência, é José Pereira, que confessa que o mais difícil “é zelar pelos animais e tentar com que sejam bem tratados”. Para o homem, o evento é importante para rentabilizar as vendas da carne barrosã, que é diferenciada das outras, “sendo uma das melhores” e, portanto, “devemos continuar a apostar” nela.
Fátima Fernandes atribui duas razões pelas quais este evento é relevante para a região. “Em primeiro lugar, porque é o reconhecimento aos nossos agricultores. São essas pessoas que são as verdadeiras heroínas de manter um território com identidade. Mas também é um evento muito importante em termos económicos e sociais, porque traz visibilidade a este território e, acaba por ser oportunidade de trazer aqui visitantes e pessoas que vão consumir, que vão comprar os produtos de excelência comprovadíssima que os nossos agricultores produzem”. No fundo, e acima de tudo, “é uma festa da ruralidade”, finaliza.