é a Festa de Verão em honra de Santa Maria da Feira, de Santa Bárbara e de São Frutuoso, padroeira principal e secundários desta aldeia quase milenar, e que teve origem numa colónia romana – Villa Constantini -, mesmo ao lado do santuário proto-histórico de Panóias.
Criada por foral concedido, em 1096, pelo Conde D. Henrique e D. Teresa, Constantim é, pois, de fundação anterior à nacionalidade, e durante cento e noventa e três anos (até 1289 – ano em que D. Dinis concedeu foral a Vila Real), foi “capital administrativa e jurídica do distendido território de Panóias, cujos povos passam a regular-se pelo seu padrão de medidas, pesos e moeda corrente. (…) Tal facto foi reconhecido pelo rei Dom Afonso Henriques que certificou esse mesmo estatuto aos homens de bem e de bons costumes de Constantim de Panóias.”
A sua padroeira é Nossa Senhora, como também Ela o é da maior parte das paróquias mais antigas de Portugal, independentemente da designação com que É invocada. E porque a Feira local (uma das maiores de toda a região norte do reino) se realizava em terrenos que pertenciam à Igreja de Santa Maria de Constantim, facilmente se entende o “aparecimento” da nova invocação: Santa Maria da Feira (de Constantim).
Santa Bárbara (mártir do final do séc. III) é conhecida como santa protetora contra os relâmpagos e tempestades, e a padroeira dos artilheiros, dos mineiros e de todos quantos trabalham com fogo.
Finalmente, São Frutuoso (não confundir com São Frutuoso de Braga ou de Dume). Nasceu em Constantim no ano de 1070, e, desde tenra idade, manifestou vocação para as “coisas de Deus”. Iniciou a vida monástica, em 1090, no mosteiro de S. Martinho de Caramos, e após a morte de D. Gonçalo Mendes, foi eleito, em 1124, prior daquele mosteiro. Cerca de 1131, D. Frutuoso Gonçalves renunciou ao cargo e partiu para Jerusalém. Depois de regressar, foi indigitado, em 1154, por D. Mendo Pirez, seu sucessor no mosteiro de Caramos, para Abade da igreja de Constantim, onde veio a faleceu a 10 de novembro de 1162. Nas exéquias estiveram presentes todos os religiosos de Caramos e o arcebispo de Braga, D. João Peculiar.
Em 1216, o arcebispo de Braga, D. Estêvão Soares, depois de mandar proceder à exumação do corpo de D. Frutuoso Gonçalves, mandou também que o corpo fosse colocado num túmulo condigo, deixando de fora, como principal relíquia, a Santa Cabeça, para ser tocada pelos fiéis, e declarou D. Frutuoso como “santo varão”. Em 1321, D. Dinis visitou a relíquia de S. Frutuoso, fazendo-lhe doações e confirmando o padroado da igreja de Constantim ao Mosteiro de Caramos.
A Santa Cabeça ainda hoje é venerada por inúmeras pessoas de diversas localidades, particularmente do norte do país, e é “dada a beijar” a todos os fiéis no final da procissão da festa de verão e da festa de inverno (em honra do mártir S. Sebastião).
Mais informações: “Constantim de Panóias – Identificação de uma Vila”, da autoria do Dr. Joaquim de Barros Ferreira, a quem rendo aqui a minha homenagem.