Quinta-feira, 12 de Dezembro de 2024
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Barroso da Fonte
Barroso da Fonte
Escritor e Jornalista. Colunista n'A Voz de Trás-os-Montes

Tudo isto anda ligado à cultura Portuguesa

A minha formação académica teve este rótulo, adicionado à filosofia. O tema não exige conhecimentos por excelência, mas pratica-se todos os dias, em todas as circunstâncias e na reflexão de cada figura humana, com a qual nos vamos cruzando. 

A cultura é um somatório de conhecimentos, quando estes se identificam com a predisposição com que apreendemos esses sinais tangíveis ou captados como o flash das máquinas fotográficas. O Eduardo Guerra Carneiro (Chaves, 1942-2004) sintetizou, em 1970, este aforismo no título de um livro que o imortalizou. Uma família de nobre Gente Transmontana que a democracia apagou e cujo suicídio deste talentoso poeta, simboliza.

A edição nº 70 da revista Tellus fez-me refletir numa época que memorizei: 1962. Nesse ano foi fundada a Tellus, a Setentrião (78) e o Nordeste Cultural (1980). A António Cabral se devem estes títulos que outro António Manuel Pires Cabral, prosseguiu da forma mais cordata, profícua e oportuna. Admirável binómio que paira na minha mente, quando olho para trás e me revejo nos dez anos de seminário, data em que António Cabral me entregou o 1º prémio de Reportagem Regionalista dos Primeiros Jogos Florais do Club de Vila Real com um trabalho sobre as «chegas» de Bois em Barroso. Coincidiu esse dia, 30 de junho, com a distribuição dos Prémios desse concurso literário numa sessão no Teatro Avenida. Convidei alguns colegas para irem à sessão. De entre eles recordo o João Rodrigues da Fonseca, o Albano e o Maximino Barbosa de Sousa, que ficou na história de revolução de Abril como «padre Max».

Felizmente A.M. Pires Cabral rodeou-se de outros craques da cultura, como Elísio Amaral Neves e, depois de materializado o sonho do Grémio Literário, tem vindo a consolidar um projeto cultural que Vila Real merecia, enquanto Capital Transmontana. A Tellus, para além do simbolismo telúrico, foi um projeto que esmoreceu com a chegada da democracia. As opiniões, mentalidades e projetos ideológicos dispersaram-se. E nada passou a ser como fora.

A Tellus publica-se como propriedade da Câmara de Vila Real. Vai dando nota daquilo que os seus atuais mentores vão conhecendo, sem custos para os leitores que são certos e agradecidos. E que encontram nela boas razões para acreditarem noutras valências da política regrada.

Não pretendo condicionar a ideia de que passou a haver freio ideológico.  Existem boas razões para estimular os criativos mais jovens. E todos devem aproveitar as estruturas existentes. Mas sinto ausências sensíveis das gerações do Setentrião, da Tellus, do Nordeste Cultural e até de uma maior coordenação de certames literários, não fulanizados, que sempre condicionam vontades. Sendo Vila Real uma cidade universitária, penso que deveria existir uma ligação mais próxima e mais plural.

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