Foi uma notícia local breve, que surtiu em mim o efeito de uma paixão de 70 anos ininterruptos.
Em 1952 ingressei no Seminário, de onde saí, a 30 de junho de 1962. Nesses dez anos, para além das aulas, aprendi com os meus colegas e com as normas estatuídas pela instituição. Cheguei com os olhos fechados, de um lar de 10 irmãos. Nenhum de nós se livrou de ser pastor da vezeira e das vacas, que eram essenciais para os trabalhos de campo. Até aos 12 anos o meu mundo fora o horizonte visual do Ferronho ao Larouco e dos Cornos das Alturas ao Gerês. Em outubro de 1952, dobrei a «Porta Férrea» que, à imagem de Coimbra, se abria a cada estudante que chegava. Nunca brilhei no latim, no grego, na matemática, no francês e até na geografia. Pelo contrário, fui apanhado a reler a novela «Amor omnia vincit», que escrevi num mês, em 1960, e que foi, só agora, inserida no Vol. III do «Memorial do seminarista», apresentado na confraternização anual, em Castro Daire, em 2021. Conclusão: em 30 de junho de 1962, no preciso dia em que concluí o ano académico, assisti à sessão da entrega dos prémios literários dos Jogos Florais do Clube de Vila Real, no Teatro Avenida, e foi-me atribuído o prémio de mil escudos que, nessa data, correspondia aos cinco mil euros de hoje. O jornalismo tinha aperfeiçoado a minha escrita, nos nove anos de exercício, nessa altura já no Diário de Notícias, revista Crónica Feminina e Revista das Missões. Três dias depois estava eu a trabalhar na Barragem de Pisões, como fiscal da Hica. E num meio social e laboral de cerca de cinco mil pessoas enquanto duraram os trabalhos de Empresa, até 1966.
Seguiu-se a minha convocatória para o serviço militar desde janeiro de 1964 até agosto de 1967.
Requeri ao ministério da defesa autorização para continuar como jornalista. E cimentei aqueles 26 meses, de atividade não remunerada, em órgãos de Angola e da Metrópole. Com essas crónicas de guerra, em ambiente hostil, como agora se pode ajuizar pela Guerra da Ucrânia, somei créditos que prossegui até hoje, em que já fui rotulado de «Cabouqueiro-mor da Imprensa Regional», decano da imprensa, fundador do GI e do IPIR e promotor do I Curso de Formação de Jornalismo, no distrito de Braga, em parceria com o FAOJ.
Em 2014, o Cor. Dias Vieira e o jornalista João Pedro Miranda escreveram em livro os 60 anos de Jornalismo de Causas e Casos de Barroso da Fonte.
A menos de um mês de completar 84 de idade, entendi juntar os 70 de Jornalismo que agora se completaram. Não endireitei o mundo, nem acabei com a corrupção, mas agradeço aos meus leitores.
E, apesar de ter perdido o fulgor do meu entusiasmo, continuarei a manter a minha carteira profissional, porque um jornalista que se preze deve estar 24 horas de serviço permanente.