A Covid e a Guerra na Ucrânia têm servido para justificar muitos fracassos e insuficiências da sociedade Portuguesa. Desde a política ao ensino, desde o custo de vida à corrupção dos poderosos, desde o futebol à justiça, desde o crime organizado ao abuso sexual do clero, o ano de 2022 ficará na história, provavelmente, como um dos mais negros de sempre.
Como antigo aluno do Seminário da Diocese, fiquei muito pesaroso pelo mutismo, pelo silêncio, pela falta de iniciativas, de cima para baixo e de baixo para cima da hierarquia. Ao invés e pelas piores razões, uma figura que viera de fora, que não deixou saudades nos antigos alunos e que foi promovido a figura nacional, acabou por ser voz incómoda e censurável, a ponto de ter de pedir desculpas públicas. Esse lamentável episódio deu mais que falar, pela negativa, em 2022, do muito e bom que se poderia ter dito, acerca do muito que a Diocese fez, através do Seminário Diocesano.
Ao expressar a minha gratidão a essa Casa, que sei ser comum à maioria absoluta dos que entraram e saíram por essas portas, como alunos, como padres e, obviamente, como professores, pretendo saudar a todos. E a revista Tellus, que acabou de sair com o nº 77, repleta com cinco textos, cada qual o mais enriquecedor, veio confirmar um dado importante. É assinado por Armando Palavras que intitulou: «A súplica de Dom Pedro II ao Papa para elevar Vila Real a Diocese». Sobressai pela oportunidade das informações que este reputado investigador nos proporciona.
Armando Palavras, que já na edição anterior da revista (nº 76) assinara um oportuníssimo artigo, sobre a mesma efeméride, voltou ao assunto para que conste: «a ideia da criação da diocese de Vila Real já vinha de longe», como ele afirma: «escreveu-o António Abel Canavarro numa síntese contundente no ano de 2000».
Seria oportuno que surgisse uma alma caridosa e sabedora que relatasse, em livro, para memória futura, o historial da diocese; e, sobretudo, que transmitisse às novas gerações os méritos do Seminário de Vila Real. Já neste jornal alvitrei que o edifício fosse classificado pela autarquia, como imóvel de interesse público. Foi palco da primeira instituição do ensino superior no distrito. Apenas depende do poder local. E todos os diocesanos têm o direito a conhecer os destinos dessa Casa de verdadeiro interesse público.