Sendo o PR o Comandante Supremo das Forças Armadas, esta distinção mexeu com o orgulho de todos, especialmente daqueles que durante os treze anos de guerra do Ultramar, passaram por essa unidade de elite. Infelizmente as televisões, sobretudo aqueles canais que se dizem de interesse público e que são pagos com os nossos impostos, não ligaram ao evento. No futebol passam e repassam durante, quase uma semana, os jogos de futebol, sobretudo dos quatro grandes clubes.
De instituições culturais, sociais e, no caso presente, de agrupamentos militares, no dia 12 do corrente, nada vi, nem ouvi, sobre a cerimónia que, nesse dia o Comandante Supremos das Forças Armadas, se deslocou a Lamego para distinguir o Centro de Operações Especiais. com aquele galardão. Foi essa Unidade Militar, com sede em Lamego que contribuiu para evitar, em Lisboa ou arredores, aquilo que poderia ter sido a guerra civil.
Foi-me garantido esse episódio pelo então Comandante, Coronel Carlos Alberto Saraiva, de saudosa
memória. Nesse ato solene o PR proferiu um discurso, veemente, que os O esperavam ouvir desde que a democracia foi normalizada em Portugal: «porque vós sois os melhores ao serviço de Portugal»
Prezo-me de ter sido instruendo, no terceiro curso de Operações Especiais, sob o comando de dois tenentes do quadro que tinham vindo dos USA, onde aprenderam as técnicas mais sofisticadas. Recordo os seus nomes: Tenentes Fonseca e Morais. Daquele nada mais soube. Deste soube por uma grande Senhora, de Vinhais, que ele vive no Porto.
Todos fomos protagonistas do acidente que ocorreu na noite de 21 para 22 de novembro, de 1964 fez agora 58 anos. Éramos 68 instruendos. Pelas 22 h chegámos a Caldas de Aregos em duas viaturas.
Iríamos realizar uma operação noturna no Rio Douro, em oito pneumáticos, na zona onde mais tarde construíam a barragem de Carrapatelo (1965-1972). O 1.º barco a entrar na escuridão, apanhou a corrente e, ao embater nas rochas, atirou os quatro que iam a remar, para o rio, enquanto os restantes quatro seguiram entregues à sua sorte, gritando para os salvarem. Cerca de meia hora depois, os cães do povoado alertaram os populares que os retiraram «mais mortos do que vivos». Os restantes 7 barquitos que se preparavam para embarcar já não saíram. O pior foi o desaparecimento do Furriel José Dutra, natural dos Açores. Um mês depois apareceu o seu corpo, perto do local, mas no mesmo rio.
Durante 58 anos nem antes, nem depois da revolução dos cravos, nunca ouvimos um elogio público.
Afinal a justiça, a equidade de tratamento e o simbolismo das medalhas a quem as merece(u), andam muito distantes dos ranger’s.
*(sócio nº 015 da AOE)