Terça-feira, 3 de Dezembro de 2024
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Francisco Rocha
Francisco Rocha
Deputado e Presidente da Junta de Freguesia de Vila Real

Uma estrada que é muito mais que uma capicua

Recentemente, no Espaço Miguel Torga em São Martinho de Anta, viramos a página de um problema de segurança que pairava, como uma nuvem negra, sobre a estrada (municipal) 323 que liga Sabrosa ao Pinhão, apostando também no reforço e valorização do destino turístico do Alto Douro Vinhateiro.

Vinte e sete anos depois do processo de negociação, pouco refletido e avisado, levada a cabo pela autarquia liderada à época pelo PSD, que levou à respetiva desclassificação de “nacional” para “municipal” finalmente congregaram-se vontades e compromissos para que esta via (re)adquira o nível de segurança adequado aos novos tempos e à sua utilização como rota turística preferencial que serve uma região e um destino turístico que passou a ser reconhecido mundialmente.

A requalificação e o reforço da segurança desta estrada eram reclamados há muito tempo. Mas só agora foi concretizado numa cerimónia presidida pelo ministro Pedro Marques. A ameaça da tragédia pairava quotidianamente no intenso fluxo de trânsito de veículos, muitos dos quais pesados de passageiros e de mercadorias, de residentes e turistas. Nada parecia suficiente para ultrapassar a malfadada e infeliz classificação de via municipal para se conseguir adicionar meios financeiros mais robustos, provenientes de outros cofres que não os da autarquia de Sabrosa.

Felizmente que os titulares de cargos políticos não são todos iguais. O tempo e a memória registarão aqueles que não se conformaram e fizeram acontecer. Que não se quedaram pela retórica política. Que não se deixaram vencer pela resignação e inércia. Que chamaram a atenção para um paradoxo. Que clamaram a sua resolução. Que solucionaram e valorizaram.
Miguel Torga descreveu no seu primeiro romance “Vindima” a beleza estonteante desta porção do Doiro percorrido, avistado e sentido através desta estrada batizada com a capicua de 323. Quem já a percorreu, quem já a experimentou sabe que não cansou ingloriamente os olhos na contemplação do painel que avista, na curva e contracurva, deste sinuoso traçado um tão espantoso equilíbrio entre o cenário cósmico e a vontade humana.

Pois será essa mesma vontade humana de governantes, de autarcas e também de parlamentares que ficará associada à reabilitação desta rodovia, com vocação turística, e à criação de dezanove novos miradouros que serão contruídos para contemplarmos o Douro. Ou como dizia Torga, para continuarmos a “estacar em São Cristóvão, e abrir a boca de espanto.” Mas agora em segurança!

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