No dia 9 do corrente mês, celebramos o dia da Europa, recordando o 69º aniversário da data (9 de maio de 1950) em que, por proposta de Robert Shuman se assinou o Tratado que consagrou a Comunidade Europeia de Carvão e do Aço (CECA), entre a França, Alemanha e os países do Benelux, decorridos apenas cinco anos do fim da 2ª Grande Guerra Mundial. Um marco que institucionalizou a cooperação entre aqueles países. Ideia que a pouco a pouco se foi alargando a todos os que mostraram desejo de se juntarem aos mesmos objetivos de partilhar o desenvolvimento económico, que a Comunidade Económica Europeia (CEE) consagrou, numa segunda fase, e mais tarde se alargou, já não apenas com objetivos de desenvolvimento económico, mas também nos domínios político e social consagrados nos vários Tratados da União Europeia (UE), fórmula que chegou até aos nossos dias.
O nosso país, pela mão de Mário Soares e Mota Pinto, no já longínquo ano de 1984, em cerimónia que muitas de nós ainda recordam, celebrada nos Claustros do Mosteiro dos Jerónimos, entrou de pleno direito como membro da CEE, no mesmo ano em que também a Espanha logrou tal desiderato. Fomos o 12º país que integrou este clube de privilegiados, tendo em vista entrar no comboio do desenvolvimento que uma tão grande comunidade de países assegurava.
Lembramos isto, num momento em que parecem adensar-se nuvens negras sobre este espaço comum de desenvolvimento de 29 países, que ficará reduzido a 28, se o Reino Unido vier a sair (Brexit). As nuvens que se adensam, traduzidas na ascensão de populismos, o regresso do ódio e o reforço do nacionalismo, indiciam que alguns cidadãos europeus, parecem ter esquecido os ideais dos países fundadores da CECA, que perceberam que só a união faz a força.
Carlos Moedas, Comissário Europeu desde há cinco anos, uma voz autorizada (Expresso de 11 de maio), coloca a seguinte questão: Como reacender o sonho europeu, de uma Europa Unida? A resposta não é fácil, naturalmente, mas ele próprio avança com três frentes cruciais: O reforço da identidade europeia. Porquê? Porque os desafios que hoje se colocam, são globais e exigem além de uma identidade nacional uma identidade supranacional. Ser português e ser europeu não tem nada de contraditório. São sentimentos que se completam e se reforçam mutuamente.
Deixamos o apelo às nossas Escolas para reforçarem a aprendizagem sobre o funcionamento da União Europeia. Um segundo problema, que é explorado pelos populismos, (vide nosso PCP) é que a globalização veio aumentar a desigualdade na Europa, quer entre os Estados Membros, quer entre os cidadãos dentro dos próprios Estados. É necessário discutir nestas eleições possíveis soluções para este problema.
Finalmente, é necessário que os cidadãos, em cada país, tenham a noção clara do que têm beneficiado com esta pertença ao Projeto Europeu. Portugal continua a ser um país claramente beneficiário de Fundos Comunitários, para o desenvolvimento em estradas, autoestradas, escolas, hospitais, centros de saúde, portos, aeroportos, segurança social e apoio à economia em geral, em projetos públicos e privados. Não pode deixar que, por mera cegueira ideológica (como apregoam as forças políticas de extrema esquerda, em particular o PCP que continua a defender a saída do nosso país, deste Projeto Europeu), se obstrua esta conquista que foi a entrada na CEE. Por isso é que, o próximo dia 26 de maio, dia em que vamos às urnas, não é apenas para indigitar quem ali nos vai representar. É principalmente para reafirmarmos a nossa vontade de continuarmos a permanecer neste grande espaço de liberdade e de progresso.