Muito se falou mas respostas oficiais não chegam ao conhecimento do público geral. Fica-se com perguntas sem respostas num silêncio de uma dita legalidade que deixa dúvidas. Se por uns metros de afastamento da obra não foi possível alterar o projeto então muito mais se devia ter feito sobre o impacto inevitável, passando por uma investigação arqueológica para recolher o máximo de informações sobre a origem desta antiga via. Terão decorrido trabalhos no período em que foi entregue o pedido de classificação patrimonial da via romano-medieval e que era de conhecimento da autarquia e da DRCN? Não sabemos. Sabemos que quem devia proteger o património não se pronuncia, pois atua se for um património classificado apesar de ter conhecimento da intenção de salvaguarda daquele conjunto arquitetónico. A satisfação fica-se por um acompanhamento arqueológico da obra e o contentamento é ver as lajes numeradas e repostas na dita “posição original”.
Sabe-se que o processo de confeção da Louça Preta de Bisalhães encontra-se na Lista do Património Cultural Imaterial da Humanidade que necessita de Salvaguarda Urgente, e as recentes denúncias juntam-se à lista negra (cada vez maior) da irresponsabilidade sobre preservação de bens culturais. Pode-se juntar também a suspensão de todos os planos de pormenor e respetivas medidas preventivas e a casa da Porta da Bila, uma construção do século XVI à beira do colapso, que nem a proximidade à Câmara Municipal é suficiente para ser dignificada. O Plano de Urbanização de Vila Real – Património cultural afirma que “existe um centro antigo com relevante significado histórico e com elevado valor patrimonial”, no entanto não é para ser salvaguardado e isso também é notório e pode-se juntar a esta lista negra.
Já muito se tem alertado para a necessidade de olhar para o património local não com desprezo mas sim com uma visão mais alargada, cultural e sustentável para que realmente o desenvolvimento seja feito com a integração do património nos projetos, demonstrando que há uma mentalidade mais evoluída, digna do século XXI, e contrariar o velho e retrógrado pensamento que tudo é para ser demolido, pois isso é a grande parte da história de Vila Real. Neste aspeto, quem dita o futuro desta cidade parece não ter evoluído nada.