Foi para nós, sem sombra de dúvida, um momento emocionante, de orgulho, mas também de grande responsabilidade.
Curiosamente, (sabe-se lá porquê…) de há uns meses a esta parte, passou a ser um dos temas, que o Sr. Eng. Levi Leandro começou a colocar, na sua roda de “artesão” de teias. Mas porquê agora, se o Barro Preto de Bisalhães está, há mais de 20 anos, com sérias dificuldades de perpetuação?
O leitor poderá tirar as suas conclusões dentro de mais alguns meses, talvez lá para outubro. Mas, mais do que aqui apurar as causas, pois essas já foram devidamente identificadas, importa elucidar e repor as incorreções que o Sr. Eng. teima em referir e aumentar, mesmo depois de, com abertura e transparência, ter sido esclarecido.
Diz no seu artigo, do dia 25 de fevereiro, “Chamem a ASAE”, que a autarquia propagandeia as ações que levou a efeito sobre este tema. Bem, no que ficamos? Umas vezes acusam-nos de que não divulgamos convenientemente esta arte, outras vezes, andamos a propagandear, há aí uma incongruência que terá de resolver.
Diz, ainda que, em 4 anos não promovemos uma ação de formação para novos oleiros, “interessante” pois não são as Câmaras Municipais, as entidades com as competências necessárias para levar a efeito este tipo de formação, apesar de termos recorrido a diferentes instituições.
Neste sentido, e seguindo o seu raciocínio, é caso para perguntar quantas formações, para novos oleiros, foram feitas, ao longo destes 20 anos, quem as fez e quantos oleiros saíram dessas formações. Para quem anda com uma lupa, à procura dos acentos, parênteses, vírgulas e pontos finais, já deveria ter visto ou lido, qual a principal fonte de transmissão deste precioso saber. Se tiver alguma dificuldade teremos todo o gosto em lhe facultar a candidatura, onde se descreve, com exatidão, esse procedimento.
Já no que respeita à certificação, poderia ter perguntado, a alguns dos seus amigos, as diligências efetuadas no passado e quais as dificuldades encontradas. Mas, como a sua disponibilidade e apetência para este assunto é deveras manifesta, já deve ter encontrado a solução e os parceiros certos.
Passemos ao relatório que a câmara municipal de Vila Real (CMVR), entidade promotora da candidatura, tem de enviar à Unesco. Acredito que se tenha enganado nas palavras que utilizou, pois onde se lê “fora de prazo” deveria ler-se “antes do prazo”, caso contrário não poderia ter, em seu poder, o referido relatório, cuja data de entrega, estipulada pela Unesco e que cumprimos escrupulosa e antecipadamente, foi prorrogada para 12 de março de 2021.
Sim, colocámos no relatório a pavimentação da R. Principal de Bisalhães, mas também colocámos que a obra foi assinada em 2020 e que iria ser executada em 2021, pelo que o teor abusivo e oportunista que refere, está no seu “esquecimento”. Já no que respeita à seriedade e desonestidade intelectual, em colocar o investimento feito na Ponte dos Machados, também dá que pensar, pois será que, para se ir a Bisalhães, não se passará nessa ponte, nem na recuperada estrada, que nos leva até Mondrões?
Caros leitores, haverá alguém em Vila Real que não veja na popularmente chamada “Rotunda da Bilha” um dos maiores tributos a Bisalhães, seus oleiros e respetivas famílias? Sim, ela foi feita em 2015, para ser enquadrada na candidatura de 2016, não a mencionar é que não seria sério nem honesto, para com as nossas gentes.
Sr. Eng. Levi Leandro não temos conluios e nem usamos a sua bizarria, de que na política vale tudo. Não, não vale. Sabemos ver quem antes de nós trabalhou para elevar esta arte, assumir o muito que fizemos para a salvaguardar e também temos consciência do muito que ainda há a construir. Respeitamos as pessoas e para fazer valer o nosso ponto de vista, não tratamos o Miguel Fontes, também ele oleiro de prata, filho e neto de oleiros, por “funcionário da autarquia”, ele é nosso técnico de informática e temos muito gosto nisso.
Este oleiro de prata segue a tradição de muitos outros oleiros de ouro, que conseguiram conjugar as suas profissões com o desenvolvimento da Olaria de Bisalhães.
Todos eles são oleiros reconhecidos pela UNESCO e todos eles são os melhores do mundo.
Caros leitores, a visibilidade sem precedentes que demos à Louça Preta de Bisalhães atraiu jovens empreendedores, alguns deles trabalharam com certos oleiros, nada que não estivesse no Plano de Salvaguarda e que, por diferentes vicissitudes e incompatibilidades, se foram distanciando, enveredando por outras alternativas de produção.
No entanto, a autarquia continuou sempre a comprar as peças de Barro Preto de Bisalhães aos oleiros que o podem fazer: Querubim da Rocha, Sezisnando Ramalho (recentemente falecido), Miguel Fontes e Jorge Ramalho (empresa edgart) e disso poderemos fazer prova, sempre que nos for solicitado, inclusivamente à ASAE. Também a CMVR tem a possibilidade de atribuir apoios a outras entidades e associações culturais, sociais e desportivas, que possam colaborar no Plano de Salvaguarda, facto que, com toda a transparência, fica plasmado nas atas do executivo municipal, que são públicas e consultáveis.
Salvaguardar compete a todos nós, e todos podemos e devemos contribuir para esse fim, mas é muito mais fácil e cómodo esperar que o Município faça para logo a seguir desencadear um rol de críticas e queixas, numa campanha difamatória sem precedentes. Faça-se o que se fizer, nunca nada está bem feito, é caso para dizer “é preso por ter cão e preso por não ter”.
Referiu, ainda, no seu artigo, os troféus do circuito internacional de Vila Real, deixo-lhe um conselho, dirigia-se à APCIVR, que a direção, com toda a certeza, terá muito gosto em lhe explicar todo o processo, inclusive a razão da mudança de fornecedor.
Engenheiro Levi Leandro já percebemos que gosta muito de apontar o dedo, especialmente àqueles que consigo não concordam, bem patente no último parágrafo do seu texto, numa atitude deselegante para com as pessoas mencionadas e que, pelo respeito que nos merecem, nos escusamos de comentar.
Também já percebemos que adora citar determinados autores, de acordo com as suas situações e conveniências. Nós preferimos citar a sabedoria popular, que é aquela que, por direito inquestionável, nos tem permitido ocupar o lugar que agora desempenhamos. Apontar é feio, esquece-se que, quando o faz, tem 3 dedos virados para si.