Como é da tradição em Vila Real, a procissão com o Santíssimo percorreu as ruas da cidade, desde a Sé Catedral até ao Largo de Nossa Senhora da Conceição. Diríamos que o que aconteceu este ano foi uma repetição do que se passou em anos anteriores e a que pessoalmente temos assistido desde 1976.
Porém, a cerimónia que sempre nos impressionou, este ano marcou-nos, particularmente, pelo contexto da envolvência emotiva.
Pode dizer-se que procissões há muitas ao longo do ano e em praticamente todas as freguesias do nosso país. Sabemos isso, mas, uma manifestação de tanta religiosidade, de tanta expressão de fé como é esta do Corpo de Deus, que traz até à cidade praticamente todo o povo das mais recônditas aldeias, com os seus símbolos cristãos mais queridos. Estandartes e Cruzes Processionais, empunhadas com grande garbo por aqueles a quem tal tarefa é confiada, e, muito mais importante, todas as corporações, irmandades, escuteiros, enquadrados pelas fanfarras das várias cooperações de bombeiros, bandas de música e povo indiscriminado. Milhares de pessoas acompanham o Pálio, empunhado pelo Bispo da Diocese, seguiu o Santíssimo Sacramento, perante o muito povo que se posta ao longo das ruas, curvando-se respeitosamente à aproximação do Pálio. No final, tudo se concentra na grande praça da Nossa Senhora da Conceição, onde uma multidão aguarda a mensagem final do celebrante, que é coroada, com grande salva de palmas.
Este ano, as celebrações foram presididas pelo D. Amândio Tomás, que aproveitou para se despedir publicamente de todos os seus diocesanos, em particular dos residentes no concelho. Uma cerimónia que acrescentou emotividade para todos, que como nós, apreciavam esta figura da Igreja, que foi nosso Pastor durante mais de uma década.
Um homem natural do norte do distrito (Chaves), com uma formação humana e catequética muito sólida, que adquiriu no seu percurso de vida, de que recordamos os seus 27 anos em Roma, seis no Alentejo (já como Bispo Auxiliar), cinco no Porto, um em Lamego, mas, invocando sempre as suas raízes transmontanas, por ter nelas nascido e a frequência do Seminário de Vila Real onde estudou e se formou.
Ouvimo-lo muitas vezes e sempre admirámos o seu discurso catequético profundo, tentando chegar à raiz das coisas, para justificar a razão de ser dos valores em que acreditamos.
Ouvimos também, as suas últimas palavras, emocionadas, que proferiu nesta cerimónia de despedida, afirmando que nunca se esquecerá dos seus diocesanos e pedindo, para que estes também se lembrassem, sobretudo da palavra que lhes foi deixando como herança, ao longo do seu múnus apostólico.
Pessoalmente, agradecemos-lhe a atenção que sempre nos dispensou e podemos garantir também, que o teremos sempre no nosso pensamento, recordando o Homem Bom, que a Igreja nos deu como Pastor. Obrigado.