Foi nesse ano que Júlia Rodrigues, após vencer as eleições, o convidou para ser adjunto da presidente.
“Não haver chefe de gabinete foi uma opção da senhora presidente e está prevista por lei. Neste caso, ela optou por nomear um adjunto e uma secretária para o gabinete de apoio à presidência e mais duas secretárias para o gabinete de apoio à vereação”, explicou o engenheiro florestal, referindo que “nunca me passou pela cabeça ter este cargo”.
“Fui diretor de campanha, vencemos as eleições e a senhora presidente convidou-me para este cargo. Ponderei, falei com o diretor da DRAPN e decidi aceitar o convite, mas nunca tive o objetivo de aqui chegar”, confessa, lembrando que “a minha ligação com a presidente começou enquanto colegas na Direção Regional, embora eu já fosse amigo de longa data da família. Quanto à política, comecei a interessar-me mais quando ela foi candidata pela primeira vez, em 2009”.
Questionado sobre as funções que desempenha, Agostinho Beça enumerou uma lista “interminável”.
“Nos termos da lei (75/2013) tenho como tarefas assinar e visar correspondência interna e externa, instruir procedimentos que são necessários à tomada de decisão por parte da presidente, posso solicitar diretamente sem precisar de um despacho junto dos serviços todos os documentos e informações necessárias à persecução da atividade da presidente, tenho de fazer atendimento ao público e representar a presidente em cerimónias, reuniões ou atos públicos quando ela não pode. Há, inclusive, um despacho que me nomeia seu representante em algumas situações, como no Conselho Geral da Escola Profissional de Agricultura de Carvalhais, na Comissão de Defesa da Floresta, no Conselho Cinegético e de Conservação da Fauna Municipal, no Conselho Municipal de Segurança e outras situações ligadas à minha formação académica.
Além disso, sou também responsável pelo gabinete jurídico, pelo gabinete de apoio às juntas de freguesia, pelo gabinete de comunicação e pelo serviço de veterinária. No fundo, tudo que depende da presidente, passa por mim”, refere, mas há mais. Enquanto adjunto da presidente pode também autorizar o pagamento de pequenas despesas e gerir o fundo de maneio do seu gabinete.
Tendo em conta que é a primeira vez que o PS está no poder em Mirandela, Agostinho recorda os primeiros tempos como “extremamente difíceis”, ainda que “a minha experiência pessoal, enquanto técnico de um organismo de administração pública, deu-me à vontade para lidar com algumas situações”.
Contudo, “a grande diferença é que no Ministério da Agricultura centramo-nos numa só atividade, aqui não. Todos os dias são uma animação, há sempre problemas para resolver. É um cargo entusiasmante e desafiante, mas desgastante também.
Confesso que nunca trabalhei tanto na minha vida (risos). Em quatro anos, nunca fiquei verdadeiramente de férias, até porque é impossível desligar das funções”.
“Deixamos de ter uma vida normal, até porque o nosso desempenho passa a estar sob observação constante e tem que haver alguma reserva, até na forma de nos movimentarmos socialmente”, salienta.
E quem está de fora “não tem noção do trabalho que isto dá, nem eu tinha. A diversidade que nos passa pelas mãos é surpreendente. Mas é gratificante quando percebemos que resolvemos um problema a um munícipe”.
Quando abandonar o cargo, Agostinho Beça quer que as pessoas “reconheçam o meu empenho e, sobretudo, o meu desinteresse, ou seja, eu não preciso da política para sobreviver. Tenho uma profissão para a qual posso regressar depois disto. Não me arrependo de ter aceitado o convite e tenho o sentimento de dever cumprido”.
“Uma coisa de que me orgulho, por exemplo, é de ter elaborado dois regulamentos, para já, um deles para o Conselho Municipal de Agricultura, único na região. São trabalhos que requerem tempo e muita dedicação”, conclui.