Sábado, 2 de Novembro de 2024
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Armando Moreira
Armando Moreira
| MIRADOURO | Ex-presidente da Câmara Municipal de Vila Real. Colunista n'A Voz de Trás-os-Montes

Floresta e o clima

“Governo vai pagar a proprietários para mudar floresta portuguesa”

Esta notícia, que lemos no dia 9 de novembro, num dos jornais diários de maior expressão, chamou a nossa atenção para o tema da floresta, que tantas vezes temos usado para explicar como uma das maiores medidas que pode ajudar a salvar o Interior do país, do abandono quase completo a que tem sido votado, nos últimos quarenta anos.

De que se trata afinal? O Ministério do Ambiente e de Ação Climática – MAAC, pretende fazer um plano de paisagem de todas as zonas florestais do país, de forma a tornar a floresta portuguesa mais eficiente no sequestro do carbono, mas também com maior valor económico para os proprietários. Por isso, deseja fazer acordos financeiros, a 20 anos, com os donos das terras, que os compensem pela troca de um tipo de árvore por outro que seja considerado mais adequado para determinada área florestal. 

O MAAC tem já em curso a elaboração de um plano de paisagem para a área de Monchique e que depois de avaliado poderá servir como projeto piloto para outras áreas florestais.

Não podemos deixar de aplaudir esta ideia, porque é apenas de vontade política que se trata, deixando achegas para a viabilizar aqui na nossa região de Trás-os-Montes e Alto Douro, onde praticamente não existe floresta.

Aqui, talvez nem seja preciso gastar muito dinheiro para indemnizar os proprietários que tenham plantações de eucaliptos ou pinheiros, para os substituir por espécies de crescimento mais lento, como é o carvalho ou o sobreiro.

Aqui, neste nosso interior transmontano, temos mais de 75% de terreno baldio, outrora bem povoado de matas, sobretudo de pinheiro, que os fogos se encarregaram de ir destruindo. Como é que isto sucedeu? Porque uma política absurda de acabar com os Serviços Florestais, – guardas, técnicos médios e superiores, casas florestais e respetivos acessos, levou à retirada dessas áreas daqueles profissionais que dela cuidavam.

Isto para dizer que, numa primeira fase deste novo plano do MAAC para a nossa espécie, só há que refazer a estrutura daqueles Serviços, aproveitando as infraestruturas que ainda é possível visualizar, quando se olha ou anda por essas serras fora. E cuidar de plantar então as tais espécies de crescimento mais lento, como o carvalho ou o sobreiro, em vez do eucalipto. 

As matas privadas, que eventualmente ainda existam a bordejar os terrenos baldios, aproveitarão com certeza, este novo plano do ministro Matos Fernandes que, não temos dúvida, vai levar a bom porto esta ideia da regeneração da Floresta Portuguesa. Não se tratará, portanto, apenas de uma medida, tendo em vista aumentar o sequestro do carbono, para atingirmos as metas ambientais, que vêm sendo anunciadas para 2050. Também é fundamental para quem ainda aqui vive ou é proprietário, para que possa ver uma paisagem vegetal e usufruir de algum rendimento. Neste momento, o rendimento da floresta é nulo, porque simplesmente ela desapareceu.

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