Numa cidade raiana, havia um morador que se dedicou juntamente com a sua equipa à arte do ilusionismo, mas este era um ilusionista especial… Não usava varinha, nem cartola, nem capa, até a bela assistente que normalmente acompanha os ilusionistas foi substituída por um Goebbels de estimação, perito na arte de espalhar ilusões pelas redes sociais.
A carreira iniciou-se em 2017 com a ilusão da criação de umas piscinas municipais, de um pavilhão multiusos, uma praia fluvial, 500 postos de trabalho, passeios para o São Caetano e até a ressurreição de um morto. Seguiu-se em 2018 com um canil municipal que custaria 150 mil euros, depois 350 mil e que ainda não começou e já vai em 600 mil euros. Ainda em 2018 o “mágico” morador declarou à agência LUSA, que o Museu das Termas Romanas é obra prioritária e decisiva, referindo que a obra tem de estar concluída até fevereiro de 2019.
Cada ilusão era espalhada pelo assistente aos sete ventos, aparecendo nos telemóveis, tablets e computadores dos restantes moradores da cidade.
O problema é que a plateia, que tinha depositado grandes esperanças na materialização do espetáculo, começou a ficar impaciente e a assobiar o morador, porque nenhum truque tinha resultados palpáveis.
Zangado, o morador mandou destruir a mais emblemática sala de espetáculos da cidade, fechada há décadas, mas que todos queriam ver reativada.
Em desespero, já no último trimestre de 2019, no dia das eleições legislativas, o morador anunciou na sua página pessoal as piscinas municipais! O truque era o mesmo de 2017, mas desta vez em 3D. No ano seguinte, anunciou que ia fazer aparecer imagine-se… uma placa!
Já em 2021 sem saber mais o que anunciar, lembrou-se de um outro 3D que tinha mandado fazer já em fevereiro de 2020, a uns senhores de Faro, por 45 mil euros, e que estava há 400 dias na gaveta, à espera do melhor momento para lançar nova campanha de propaganda do seu espetáculo. Umas piscinas de água quente ao ar livre, um 3D magnífico, uma obra que seria fantástica se fosse realizada, mas que é apenas um projeto, que com tanta ilusão é difícil acreditar que venha a ser realizado.
Passados quase 4 anos, a meio de 2021, a cidade não tem as prometidas piscinas, nem o pavilhão multiusos, a praia fluvial, nem os 500 postos de trabalho, nem os passeios para o São Caetano. O morto continua morto, o Museu prioritário e decisivo continua fechado, o canil continua desaparecido e imaginem… nem o raio da placa aparece!
Mas agora a ilusão chama-se Aquae Salutem!
Salutem omnium, protejam-se, que nos próximos 4 meses, muita primeira pedra vai ser lançada. O problema será lançar a segunda!