Segunda-feira, 20 de Janeiro de 2025
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Mulheres que trabalham na vinha “emocionadas” com homenagem

Cerca de 120 mulheres do concelho de Peso da Régua que dedicam a sua vida a trabalhar as vinhas foram homenageadas no Dia Internacional da Mulher, pelo município, num ano em que o Douro é a Cidade Europeia do Vinho.

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Maria José e Rosa de Jesus, ambas com 84 anos, vieram de Canelas, para a homenagem, que decorreu no Auditório Municipal da cidade.

Na hora de subir ao palco, as duas amigas não esconderam a emoção de serem lembradas pelo seu esforço e dedicação ao longo de uma vida que trabalharam nas vinhas durienses. “Foi muito lindo, gostei muito… estão todos de parabéns”, confessa Rosa, que não esconde a dureza do trabalho, que tinha de fazer para ajudar a sustentar a família. “Tínhamos de trabalhar e só havia aquele trabalho. Lembro-me que quando andava grávida do meu primeiro filho não parei de trabalhar, só mesmo para o ter. Infelizmente, agora já não posso fazer nada, porque os joelhos não me deixam”.

Tal como muitas das homenageadas, Maria José começou a trabalhar ainda era uma criança. “Desde pequena que trabalho nas vinhas e só deixei há cerca de um ano, porque as forças não são as mesmas. Trabalhei de sol a sol, sem saber o que eram férias, mas tinha que sustentar os meus quatro filhos”.

Reconhece que passou por tempos difíceis, em que chegou a passar fome, mas “apreendi a fazer tudo neste trabalho duro, que até gostava de fazer”.

‘”Elas são uma força armada transversal que faz todo o trabalho que é necessário.”
 José Manuel Gonçalves
Presidente CM Peso da Régua

As técnicas de trabalho, sem ajuda de máquinas, eram passadas de geração em geração. Foi o que aconteceu com Maria Júlia, de 65 anos, que está reformada por invalidez. “Foi a Maria José que me ensinou a fazer este trabalho, que comecei quando casei. Fui de caseira para uma quinta, depois de os meus sogros terem saído. Era um trabalho duro, mas não tínhamos outra maneira de ganhar a vida”, refere, sublinhando que “adorei esta homenagem e foi bonito terem-se lembrado das pessoas que realmente cuidam do Douro”.

De Galafura, a VTM falou com Maria do Carmo, de 71 anos, que tem as próprias vinhas. “É um trabalho duro, que comecei com 11 anos quando fiz a quarta classe e tive de ir ajudar nas vinhas. E gosto do que faço. Ando com a enxada, faço a poda e as vindimas, apanho vides, amarro os pampos, deito herbicida, sei fazer tudo. Aprendi com os meus pais”, recorda, adiantando que espera continuar a ter saúde para trabalhar. “Faz-nos bem e hoje foi bonito terem-se lembrado de nós”.

“Eoi uma bonita homenagem a todas as mulheres que trabalham nas vinhas durienses”
Manuela Fernandes
Covelinhas do Douro

Após ter estado alguns anos em França, Manuela Fernandes regressou a Covelinhas do Douro e encontrou trabalho na quinta da Capela. “Foi uma bonita homenagem a todas estas mulheres. Eu cuido do turismo rural, do jardim, dos animais, mas também vou para a vinha fazer a poda ou outra tarefa qualquer e gosto muito”.

José Manuel Gonçalves, presidente da Câmara de Peso da Régua, agradeceu a presença das homenageadas, sublinhando a sua importância para preservar o Douro património mundial. “Foram homenageadas cerca de 120 mulheres de todas as nossas freguesias, no sentido de lhes agradecer o trabalho que fazem no dia a dia, com sangue, suor e lágrimas, para mantermos esta região do Douro como património mundial”.

“A maioria das mulheres que hoje estão aqui assume a responsabilidade do trabalho tal como um homem, só há uma diferença, na altura de carregar os cestos durante a vindima, porque, durante o ano, elas são uma força armada transversal que faz todo o trabalho que é necessário”.

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