Sexta-feira, 26 de Julho de 2024
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O conceito de “classe média”, “baixa” ou “alta”

O conceito de “classe média”, “baixa” ou “alta”, são recorrentemente referidos, tanto por políticos como pelo comum cidadão, mas raramente usando critérios concretos.

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Para além disso, estes conceitos são influenciados pelos padrões de vida, dependendo do período temporal (a “classe média” hoje será certamente muito diferente da “classe média” de há 50 anos, sobretudo em termos de bem-estar económico) e contexto geográfico (“classe média” em Portugal terá umas condições de vida diferentes da “classe média” suíça, mas também muito diferentes da “classe média” moçambicana).

De modo a permitir uma análise aos segmentos socioeconómicos da população, a OCDE define como “classe média” quem aufere entre 75% e 200% do rendimento mediano nesse país. Dito de outra forma: pertencem à “classe média” aqueles que têm um rendimento superior a -25% do rendimento mediano e inferior ao dobro do rendimento mediano. Em Portugal, o rendimento mediano mensal é de 918€ (11.014€ anuais), considerando os dados de 2022. Assim, para se pertencer à classe média em Portugal, bastava auferir mais de 688€ líquidos por mês. É importante referir que o rendimento mediano considerado agrega os rendimentos do trabalho, capital, propriedade, pensões e transferências sociais, após a dedução de impostos e contribuições sociais.

Ou seja, em 2022, aplicando esta metodologia, quem auferia o salário mínimo nacional pertencia à classe média. O salário mínimo nesse ano era de 705€ brutos mensais, mas, dividindo-se os 14 salários (incluindo os subsídios de férias e Natal) por 12 meses, dá 823€. Descontando-se as contribuições para a Segurança Social (11% do salário bruto), dá um valor líquido superior a 700€ mensais.

Por outro lado, para se pertencer à classe alta, não é preciso sequer auferir 2.000€, basta um rendimento líquido mensal de 1.836€, abaixo do salário mínimo de alguns países europeus (ainda que o custo de vida seja naturalmente distinto).

Estes números são mais um indicador de um país caracterizado, infelizmente, por baixos salários, no panorama europeu, onde o salário mínimo está cada vez mais colado aos salários médio e mediano. Termino, salientando um dado para reflexão: mais de um quinto dos trabalhadores por conta de outrem em Portugal recebe o salário mínimo.

 




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