Começou no Centro Cultural e Desportivo de Lobrigos, mas antes esteve nas captações do FC Porto. “Aquilo eram eliminatórias, fiquei dois dias. Ao terceiro, o meu pai disse-me que tinha de vir embora, e eu prometi ficar, mas quando o vejo a ir embora, vou buscar o meu saco, venho a correr atrás dele e digo-lhe que não quero ficar ali. Tinha 11 ou 12 anos. Ainda estive no Cracks de Lamego, não gostei do ambiente e disse ao meu pai que não queria jogar mais futebol”.
No entanto, a paixão nunca passa e represento clubes como o RC Penaguião, Diogo Cão, Lobrigos, ADC Santa Marta, SC Cumieira, SC Régua, Alijoense, Tarouquense, Vidago, FC Santa Marta, entre outros.
“Na época em que fui campeão distrital pelo FC Santa Marta, disse que iria terminar a minha carreira”. No entanto, “o Rui, do Cumieira, ligava-me sempre para ver se queria ir jogar para lá. Reuni com ele e com a presidente, gostei da conversa e aceitei, mas disse que não queria dinheiro nenhum, apenas queria ajudar”.
Adepto do FC Santa Marta, Kostadinov lamenta que nunca o tenham reconhecido pelo que fez no clube da sua terra. “Levanto-me todos os dias e no meu quarto não vejo nenhum símbolo de ter terminado a carreira. Só tenho a faixa de campeão. Era só um pequeno gesto que gostaria que tivessem feito. Não quero culpar ninguém, mas sinto-me triste por isso”.
Relativamente à Liga de Prata, o jogador não gosta do modelo e diz que os pequenos clubes acabam por ser prejudicados. “As receitas são menores e parece que andamos a fazer jogos entre amigos”.
Com um temperamento difícil dentro de campo, fora das quatro linhas é totalmente diferente. “Nunca tive problemas com ninguém. Mas não convivo bem com as derrotas e quando chegava a casa, a minha mãe e a minha mulher nem podiam falar para mim, que eu respondia torto. Não gosto mesmo nada de perder”, frisa.
Entre as muitas peripécias ao longo da carreira, Kostadinov recorda como o momento alto um jogo em Abambres, quando nasceu a sua filha. “Antes tinha falado com a doutora, que me disse que ia nascer no domingo. E eu disse-lhe que ia ter jogo. Eu pedi à doutora para ver se podia ser mais cedo, ela respondeu que tínhamos de estar lá no domingo. Levantei-me às 6h00, viemos para o hospital e a minha filha nunca mais nascia. As horas passavam e nada. Eu disse à minha esposa que já eram 12h00 e tinha de estar no campo às 13h30. Fui para o jogo. Só na primeira parte marquei três golos. O meu sogro estava na bancada e disse-me que já tinha nascido a minha filha. Foi um impacto grande. Pedi ao mister para me substituir, porque tinha nascido a minha filha. Saí a correr para ir ao hospital e ver se estava tudo bem. Felizmente, tinha corrido tudo bem”.
O golo mais marcante foi um de bicicleta ao Nené, em Cerva. “Nem sei como fiz aquilo. Só sei que fiquei com uma grande dor nas costas”.
Já o treinador que mais o marcou foi o Luís Machado, atual presidente da Câmara de Santa Marta de Penaguião. “Foi com ele que fui pela primeira vez campeão pelo RC Penaguião. Foi pena ele ter abandonado, porque ele era um treinador acima da média”.
Sobre o futuro, Kostadinov vai continuar a ajudar o Cumieira, clube onde se sente bem e onde é valorizado.
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BOLA AO CENTRO – MARCO ALEXANDRE PINTO