Natural de Tabuaço, entrou na arbitragem aos 18 anos, quando veio estudar na UTAD, em Vila Real. “Sempre gostei de futebol. E quando vi um panfleto para tirar o curso de arbitragem, decidi inscrever-me e tirei o curso em 2014”.
Para a família, esta opção no início foi vista como “uma brincadeira”, mas quando subiu ao nacional, os familiares já viram que afinal era diferente. “Sempre me apoiaram e quando tenho um jogo mais importante, lá estão eles na bancada a apoiar-me”.
Num mundo ainda muito masculino, Cristina Amaral revela que ser árbitro “é difícil, porque somos sempre os maus da fita, os culpados de tudo”. E ser mulher e árbitra “é ainda mais difícil, uma vez que existe o estereótipo que mulheres neste meio ainda faz um bocadinho de confusão às pessoas”.
Apesar da evolução, Cristina sente que existe “muita resistência” para se chegar aos jogos masculinos. “Ainda se distingue muito o feminino do masculino. Já se têm dado alguns passos positivos, mas há um longo caminho a percorrer para se evoluir”.
Dentro das quatro linhas, a árbitra revela que os treinadores e os jogadores “têm mais respeito por ser mulher, mas ao nível de bancada é diferente. Os adeptos são muito machistas e tratam-me bastante mal, com bocas do tipo: ‘devias estar em casa a lavar a louça, ou a passear no shopping’, e também me chamam muitos nomes”.
Em nove anos de carreira, considera que esta temporada “foi a melhor”. Por duas razões, “consegui subir da segunda Liga para a Liga BPI e passei no curso avançado de árbitros de futebol, que me permite apitar jogos dos iniciados até aos juniores no nacional.
Na próxima época, se ficar bem classificada, poderei passar para jogos do Campeonato de Portugal”.
Como referências elege os árbitros Artur Soares Dias, João Pinheiro, Sandra Bastos e não esquece Berta Tavares, com quem começou a dar os primeiros passos. “Foi ela que me ensinou tudo e ajudou-me muito na minha evolução”.
Para quem quiser seguir este caminho, Cristina Amaral diz que, em primeiro, “é preciso gostar mesmo, ter capacidade de resiliência e saber que vai ser um caminho duro, mas no fim valerá a pena”.
No futuro próximo, Cristina Amaral gostaria de chegar à II e I Liga. “Estou feliz com a opção que tomei. Seria muito bom chegar aos campeonatos seniores profissionais (I e II Liga)”.
O Bola ao Centro vai de férias e regressa na próxima temporada.
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