A grande missão de um treinador, independentemente da modalidade, é dirigir pessoas e, se este mesmo treinador estiver integrado nas camadas jovens, a missão é gerir miúdos de forma a terem um processo de crescimento humano e desportivo equilibrado.
E o primeiro passo fundamental para que ele possa percorrer esse caminho de forma sustentada está relacionado com o conhecimento dele próprio e sobre o caminho que ele está disposto a percorrer. Um treinador “das divisões inferiores” tem de estar consciente daquilo que quer, de como o quer e de até onde está disposto a ir para o atingir.
Claro que ganhar é importante para o processo, mas não significa tudo, porque sabendo, dentro de si, o caminho a percorrer, um treinador deve preocupar-se em adquirir conhecimentos e competências num plano teórico para os aplicar no trabalho diário.
É neste momento que, através do seu processo de treino e da concretização do modelo de jogo, o treinador vai poder demonstrar, de forma prática, todas as suas ideias, todos os seus princípios, enfim, todo o fulgor e beleza do futebol. O volume de sucessos e insucessos acumulados vai-lhe permitir subir, patamar a patamar.
Obviamente que os treinadores não são perfeitos e, como qualquer humano, estão sujeitos à emoção, aos riscos e ao insucesso.
Mas esta progressão, que se requer sustentada e em crescendo, leva-nos a um pormenor que nos parece bastante importante: quem quer chegar ao topo tem de ser 100% profissional em todas as etapas do seu caminho.
Não podemos pensar que, só porque estamos no distrital, basta “bater bola” e que até se pode facilitar perante uma ou outra adversidade só para treinar, porque tudo é importante e digno, seja no campeonato de futebol distrital, seja na I Liga.
Aqui chegados, centremo-nos na nossa região e na realidade do futebol regional para, desde logo, “tirar o chapéu” ao trabalho e tempo dedicado por estes treinadores à sua causa, leia-se clube de futebol.
Eles analisam o jogo da jornada anterior, eles editam filmagens para mostrar aos atletas os aspetos a melhorar no próximo jogo. Tudo isto aplicando as próprias competências, a sua capacidade de gestão, as atitudes em equipa, gerindo a parte emocional dos atletas, a forma de expressão e diálogo, a postura, a dinâmica individual, o espírito de iniciativa… e a troco de quê?
Alguns, poucos, certamente confiantes no processo e com legítimas aspirações ao topo. Outros, apenas pendentes única e exclusivamente de resultados e do tempo limitado de aumentar o prazer que o futebol lhes pode proporcionar.
Um treinador deve estar sempre preparado para ler a essência e não a aparência.