A economia portuguesa tem, nos últimos anos, vivido num enorme sobressalto.
Depois de uma crise orçamental que levou o país a pedir um resgate à Troika, provocando uma forte retração económica associada a níveis de desemprego altamente penalizadores, enfrentámos uma pandemia que paralisou todo o mundo, levou o pânico aos mercados, suspendendo por completo todo o sistema produtivo mundial.
Esta pandemia, agora numa fase já domesticada, ainda hoje provoca enormes constrangimentos com a falta de matérias-primas em algumas cadeias de abastecimento de setores produtivos vitais ao desenvolvimento global.
Presentemente, assistimos, uma vez mais, a uma guerra na Europa, com as inúmeras implicações económicas, financeiras e sociais.
As implicações desta guerra estão a ser muito nefastas para a economia global, com uma enorme incidência na economia europeia e, consequentemente, na economia portuguesa. A instabilidade continua a fazer parte do léxico de qualquer empresário português, que nos últimos anos não tem conseguido viver dois anos de estabilidade.
O sucesso do empresário depende muito da sua capacidade em analisar o presente antecipando o futuro, conseguindo, desta forma, adaptar a sua estrutura e estratégia empresarial. Com este sistema estrutural global, com alterações radicais de comportamentos dos mercados, com uma enorme instabilidade das cadeias de abastecimento isso é quase impossível.
Hoje, cabe aos nossos empresários sobreviver. O próximo ano será de forte travagem no consumo privado, com uma possível recessão económica, associada a uma inflação ainda descontrolada, com custos energéticos proibitivos e com uma forte redução do poder de compra das nossas famílias. As taxas de juro continuarão a aumentar e a capacidade de recorrer ao crédito será ainda mais diminuta.
Os próximos tempos, ainda que difíceis, serão tempos de oportunidades embora provocando uma seleção natural de alguns operadores. Apelo, pois, à forte capacidade de resiliência dos empresários.
Esperemos que os nossos governantes consigam um bom orçamento em contraciclo, capaz de proteger o nosso tecido empresarial até que possamos atingir a bonança.