Sexta-feira, 26 de Julho de 2024
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A minha liberdade termina quando começa a do outro?

Se há dom e privilégio que nos distingue, enquanto seres humanos, do restante mundo animal é a liberdade.

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Não somos livres em tudo, mas temos liberdade para ser e optar, temos a faculdade de nos podermos construir a nós mesmos e darmos o rumo que quisermos à vida. Não estamos programados e formatados por um instinto, mas temos a liberdade de escolher, conduzidos por uma inteligência criativa que se entende a si mesma e o mundo à sua volta. O ser humano só o é na sua plenitude se pode dispor de si mesmo e da sua vida e vivê-la na fidelidade à sua consciência e às suas convicções. Ser homem e ser mulher implica sempre ser livre e viver em liberdade.  

Se eu gosto de ser livre, facilmente percebo que o outro que tem a mesma essência e a mesma dignidade que eu, também tem direito a ser livre. Isso implica uma aprendizagem para que as duas liberdades não choquem e não se anulem uma à outra, mas se respeitem, aprendam a conviver uma com a outra. Para dizer isto, inventámos uma frase: a minha liberdade termina onde começa a liberdade do outro. Contudo, é uma frase que não está correta e é uma contradição. É um disparate. A minha liberdade não tem de acabar para o outro ser livre. Como é que duas pessoas podem construir uma relação se apenas uma pode ser livre ou se as duas liberdades se anulam uma à outra? Estranha liberdade em que uma tem de se anular para existir a outra ou para uma pessoa ser livre a outra deixa de o ser. O outro seria então um limite e um estorvo à minha liberdade. Em parte, lá iríamos ter ao filósofo existencialista Sartre, que escreveu numa peça teatral que os outros são o inferno. Neste caso, porque o outro corta ou diminui a minha liberdade. 

Na verdade, a minha liberdade não termina quando começa a liberdade do outro ou dos outros. Continuo sempre a ser livre e tenho de continuar a ser sempre livre, no exercício de uma liberdade responsável. O correto é dizer-se a minha liberdade acolhe, respeita a liberdade dos outros. O que acaba é a minha libertinagem, porque eu não posso fazer tudo o que quero sem respeito pelos outros. A libertinagem tem de caminhar para a liberdade, que é escolher sempre o que é correto que se faça e deve ser feito e não o que é sugerido pela vontade selvagem e irresponsável que possa habitar o ser humano. A nossa liberdade só acaba quando não é liberdade e se transforma em libertinagem. Quem a pratica é censurado e afastado da relação com os outros ou é desprezado.

 

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