Na verdade, o risco do aliciamento parece ser maior. Há até estudos de opinião que o insinuam. Nos tempos que correm esqueceram-se as ditaduras que mergulharam a Europa do séc. XX em duas guerras destruidoras, que, aliás, se estenderam ao mundo. Talvez porque é bonito, ou por inconsciência, surgem simpatias pelos regimes musculados. Por isso se temeu o pior nas eleições francesas e se receia, analistas de vários quadrantes dão nota disso, o que pode acontecer nas presidenciais americanas.
Quando, na semana passada, se instalou o novo Parlamento Europeu (PE) e foi eleita a Presidente da Comissão Europeia (CE) vieram ao de cima algumas tensões. A propósito das maiorias que têm mantido a União Europeia no rumo da salvaguarda dos direitos fundamentais da pessoa e por força de algum reforço da extrema-direita, logo surgiram os saudosistas das ditaduras da 1ª metade do séc. XX a tentar impor a sua visão, defensores que são de regimes durões. Foi bom saber que o processo que os partidos que têm vindo a aprofundar a construção europeia desenvolveram resultou e, mais uma vez, se conseguiram as maiorias necessárias para a eleição de Roberta Metsola Presidente do PE, de Ursula von der Leyen para presidir à CE, já, antes, de António Costa para Presidente do Conselho Europeu, assim como de Kaja Kallas para Alta Representante da União para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança.
É que, como bem lembrou a reeleita Presidente da Comissão, foi fundamental “agrupar as forças democráticas e constituir uma maioria ao centro capaz de trabalhar em conjunto por uma Europa forte”, juntando todos aqueles que “são pró-Europa, pró-Ucrânia e pró-Estado de direito”.
Ter bem presente e continuar a pugnar pelos valores essenciais em que a União se funda é absolutamente essencial: “o respeito pela dignidade humana, a liberdade, a democracia, a igualdade, o Estado de direito e o respeito pelos direitos humanos, incluindo os direitos das pessoas pertencentes a minorias”. E quando não se sabe o que vai acontecer do outro lado do Atlântico, isso ainda se mostra mais importante.