Trata-se da “guerra” à utilização do automóvel, gerando, para o efeito, um conjunto de constrangimentos. O estreitamento das vias rodoviárias, o sentido único em artérias importantes da cidade e, na maioria dos casos, a eliminação de lugares de estacionamento, são disso exemplo.
Vila Real tem vindo a perder população nos últimos 10 anos de gestão socialista, logo justificar as filas de trânsito pelo facto de haver mais automóveis a circular, é uma falácia facilmente desmontável, já que a verdadeira razão reside na desastrosa política de gestão do trânsito, que peca por falta de planeamento, visão estratégica e adaptação à realidade existente.
É desejável, sem dúvida, que circulem menos carros, mas igualmente importante, senão mais, investir nas alternativas e isso não tem andado a par com esta teimosia do município.
Alternativas como mais ciclovias, mais carreiras, condições de circulação em segurança dos utilizadores da micromobilidade e um transporte público com vias próprias de circulação são exemplos de medidas que podiam levar a que mais pessoas possam vir a preferir a mobilidade leve e andar na cidade.
No PEDU temos uma única ciclovia, das residências universitárias para a UTAD, temos passeios alargados, sem criação de mais espaços verdes.
Ou seja, defende-se uma política e pratica-se outra. Usa-se o exemplo de Paris, mas copia-se o modelo e apenas parte da solução. A cópia é sempre pior que o original.
O PSD, nas eleições autárquicas 2021, propôs a gratuidade na utilização dos transportes públicos em todo o concelho. Hoje, já existem várias cidades, como Bragança a fazê-lo.
Na semana passada, o responsável pelas políticas de mobilidade do concelho deixou em aberto mais uma cópia às cidades europeias: o perímetro sanitário nas escolas.
A política contra o automóvel ganharia mais adeptos se, quem a defende a praticasse. Provavelmente, não se faz porque, tal como nós, não se consegue. Há que restabelecer a confiança entre eleitos e eleitores, e uma boa forma de o conseguir é a humildade, para assumir os erros e as decisões mal tomadas.
Oxalá este executivo não consiga, até 2025, implementar aquilo a que chamam de “perímetro sanitário”, que é definida como a linha a partir da qual é proibida a circulação do automóvel junto às escolas.
Estamos certos de que os vila-realenses, tal como nós, não partilham desta nova megalómana ideia. A cidade não está preparada para tal, e os automobilistas já têm constrangimentos e adversidades suficientes. Não é, aliás, de acreditar, que ao preço que estão os combustíveis, que quem o faça, diariamente, não seja por extrema necessidade e absoluta razoabilidade.
Pelos vistos, há quem assim não pense.