São sensivelmente 48 equipas, divididas pelas quatro séries do Campeonato de Portugal, o que corresponde, se fizermos bem as “contas de merceeiro”, a 21 jogadores por plantel, estaremos a atingir aproximadamente 1512 jogadores que estarão sem competir durante os próximos quatro meses e meio, ou seja, desde o passado dia 7 de abril, aquando da última jornada da primeira fase.
Assim, os dois primeiros de cada série por mérito mantêm-se em competição e no play-off de subida à Liga 3, e a “fava” calhou aos cinco últimos classificados de cada série, que acabaram despromovidos aos distritais e os restantes pois… iniciaram as férias, já que o arranque oficial da época 2024/2025 está previsto para agosto.
Para além de estes moldes não beneficiarem ninguém, ou seja, não beneficiam clubes, não beneficiam atletas, não beneficiam patrocinadores, não beneficiam o espetáculo, torna este Campeonato de Portugal desinteressante e pouco atraente.
Para os jovens, que ficam em casa os quatro meses, à espera de uma proposta, deve ser difícil. Mas para além de ser difícil estar tantos meses sem treinar, sem sentir o “cheiro” do balneário … Certamente que, a nível físico, os atletas sentem a falta do relvado, do contacto com a bola e, naturalmente, irão experimentar e praticar outros desportos de forma lúdica, obviamente para não ficam parados, no entanto, será sempre difícil manter o rigor e a disciplina que o futebol representa.
Por outro lado, a parte mental tornasse por si só, um novo problema que muitos jogadores o revivem todos os anos a mesma(s) incerteza(s). A espera de novo clube, a indecisão se este ou aquele clube é de facto o melhor passo para a sua carreira, ou a falta de respostas dos clubes, treinadores, o tempo, tudo isto cria muitos entraves, ansiedades que muitas vezes se arrastam pelo decorrer da nova época.
Depois, por outro lado, temos o aspeto social ou a visão do adepto, porque existindo uma interrupção tão grande, gradualmente o adepto vai perdendo o interesse, ao fim ao cabo são cerca de 13 jogos em casa numa temporada.
Voltando ao início e falando da questão do mercado, os clubes oferecem contratos de um ano ou menos, nove meses para os atletas, num planeamento que começa cedo para a maioria dos clubes, o que significa que as respostas sejam também dadas cedo, mas também que os lugares em aberto se tornem escassos para aqueles que ainda têm uma fase de subida para jogar.
Ou seja, os atletas que militam em clubes que disputam as fases de subida, a temporada acaba, quando só falta um mês para começar a pré-época, quando a maioria dos clubes a qual pautam pela sua organização e fruto do planeamento com tempo, nesta fase já tem tudo definido.
Terminando… é preciso uma reflexão grande e uma mudança de fundo no Campeonato de Portugal, que parece a todos os adeptos e seguidores algo “abandonado” pela FPF.