Segundo dados do Eurostat, em 2019 este tipo de transporte representou 87%, mais 12,4% do que na União Europeia, onde o transporte ferroviário assume maior importância, correspondendo a 17,6% do transporte de mercadorias, enquanto em Portugal se cifra, apenas, nos 13%.
De acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE), em 2020, devido às restrições da Covid-19, o transporte de mercadorias apresentou uma redução acentuada em todos os modos de transporte. De qualquer forma, o transporte rodoviário continuou a ser predominante, atingindo os 131,5 milhões de toneladas de mercadorias em 2020 (24,4 mil milhões de toneladas por quilómetro). A taxa de variação das toneladas transportadas foi de -10,6% em 2020, face a 2019, ano em que já se tinha registado -8,4% face ao ano anterior (2018).
Já o movimento de mercadorias por transporte ferroviário diminuiu 10,6% em 2020 (totalizando 8,7 milhões de toneladas), após uma redução de 2,2% em 2019. Em termos de volume de transporte (toneladas-km) observou-se uma descida de 3,1% face ao ano anterior.
Relativamente ao transporte marítimo, verificou-se uma redução de 6,7% nas toneladas movimentadas, atingindo-se cerca de 73,8 milhões de toneladas de mercadorias.
O transporte aéreo de mercadorias manteve-se como o menos significativo, alcançando 133 mil toneladas nos aeroportos internacionais e registando o maior decréscimo anual (-31,5%).
TRANSPORTE RODOVIÁRIO
Segundo dados da Informa D&B, em 2021 o volume de negócios deste setor cresceu para três mil milhões de euros, um aumento correspondente a 7,6% desde 2020. Já o mercado ibérico, passou também por um crescimento significativo, com 7,1%, que representam 18.800 milhões de euros.
Este é um crescimento que impulsiona o mercado para um patamar superior àquele em que se enquadrava antes da pandemia, já que, em 2020, o setor do transporte rodoviário de mercadorias decresceu em 5,1% por motivos relacionados com a Covid-19.
EVOLUÇÃO
Os dados disponibilizados à VTM pela Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (ANTRAM) revelam que, nos últimos cinco anos, a frota afeta ao transporte rodoviário por conta própria aumentou quase 15%. Em oposição, a frota do transporte por conta de outrem registou uma diminuição na ordem dos 8%. “Isto deve-se a uma perda da quota de mercado na ordem dos 6% (de 65% para 59%)”, explica a associação, adiantando que este fenómeno “teve implicações diretas na eficiência do transporte por conta de outrem que, relativamente ao transporte por conta própria viu diminuir a diferença de toneladas por quilómetro percorrido”.
Ou seja, hoje, o transporte por conta de outrem “não só perdeu relevância relativa, como se está a tornar menos eficiente, pois se, em 2016, as toneladas transportadas por quilómetro foram 8,8 vezes superiores às toneladas transportadas por quilómetro do transporte por conta própria, tal valor, em 2019, reduziu-se para 6,6 vezes”.
Na prática, isto quer dizer que as empresas de transporte “encontram, hoje, maior dificuldade na exploração das suas viaturas e enfrentam o problema do aumento de quilómetros em vazio e viaturas com menores taxas de aproveitamento”.
Segundo fonte da ANTRAM, a recuperação económica do país “depende diretamente do bom funcionamento do setor do transporte rodoviário de mercadorias por conta de outrem, que deve ser apoiado para evitar o risco de maiores turbulências económicas”. Além disso, o objetivo da descarbonização e da transição enérgica “só serão possíveis de atingir, no que respeita ao transporte rodoviário, com a adoção de políticas que venham a privilegiar o transporte por conta de outrem em detrimento do transporte por conta própria”, uma vez que estas “consomem mais por cada tonelada transportada”.
“Em regra, os veículos por conta própria circulam vazios num dos sentidos, ao passo que as viaturas das transportadoras por conta de outrem tendem a circular carregadas nos dois sentidos (conjugando as necessidades de múltiplos clientes)”, sustenta a mesma fonte.
DESAFIOS 2023
Os responsáveis pela ANTRAM olham para o futuro com “alguma apreensão”. “Os próximos tempos irão trazer exigentes desafios que interferem em muito na sustentabilidade das empresas de transporte rodoviário de mercadorias”, designadamente a manutenção do conflito bélico na Europa, uma possível recessão, a inflação e os desafios económicos em Portugal, a descarbonização do setor e os desafios energéticos, o aumento dos custos das estruturas empresariais, assim como a atual e generalizada escassez de mão-de-obra qualificada no setor.
APOIOS
Ao nível de apoios, a Comissão Europeia concedeu, em junho deste ano, um apoio ao setor em Portugal. A ajuda será concedida através de subvenções diretas. São quase 46 milhões de euros, destinados a todas as empresas (pequenas, médias ou grandes) do setor de transporte rodoviário de mercadorias consideradas afetadas pela crise.
Este apoio não poderá, contudo, ultrapassar os 400 mil euros por beneficiário e deverá ser entregue, no máximo, até dia 31 de dezembro de 2022.