Quais são as duas grandes prioridades que defendem para o distrito?
O combate à pobreza energética e a valorização da agropecuária e do turismo, principais motores económicos da região.
Somos a região do país com o maior índice de pobreza energética, ao mesmo tempo que produzimos quase metade da energia hidroelétrica do país. É preciso regular o mercado da energia, devendo a população da região ter acesso a energia mais barata através da redução do IVA da eletricidade e da partilha de lucros e pagamento do IMI das barragens pelas energéticas. É necessário impedir a prospeção e extração de lítio no Barroso, pois põem em causa o património agrícola, reconhecido pela Unesco, a sustentabilidade económica e ambiental, o bem-estar e a qualidade de vida das populações. Defendemos a valorização dos salários, a redução da assimetria interior-litoral, o investimento na diversificação das culturas, no reordenamento florestal e da paisagem e o apoio aos pequenos e médios produtores, designadamente a agricultura familiar, através de circuitos curtos de distribuição. Defendemos a proteção da identidade duriense através da representação dos pequenos e médios viticultores, garantindo a continuação do acesso justo ao “benefício” e a criação de redes de turismo que tirem partido do património natural e construído, que tenham um impacto positivo no comércio local e não promovam a artificialização da paisagem.
A perda de população continua a ser um grave problema do interior do país. O que se pode fazer para combater este flagelo?
Contrariar a desertificação humana e atrair pessoas e empresas são a base da sustentabilidade da região. O Bloco propõe um investimento na economia circular, claros benefícios fiscais e claras atitudes de integração para os atuais e para os novos residentes e investimento nos serviços públicos e no acesso à cultura, tirando partido do PRR. Só a regionalização poderá alterar o centralismo da capital. Propõe o aumento da construção de habitação pública, um maior investimento no parque escolar e nas estruturas educacionais e uma maior valorização dos agentes culturais na inevitável relação entre cultura, arte, património e sustentabilidade territorial. É fundamental um maior investimento em termos de saúde, mais autonomia na contratação de profissionais e que os responsáveis das ULS não sejam apenas nomeados por fidelidade partidária. Opõe-se à privatização dos Centros de Saúde e ao esvaziamento do SNS.
Como atrair investimento para a região?
Os diversos meios de comunicação social têm criado uma imagem deturpada da região. A deturpação da amplitude das distâncias e do conceito de qualidade de vida e as noções erradas acerca do que é o centralismo, o regionalismo e o desenvolvimento das populações contribuem para uma rejeição sistemática do conceito de interior. O Bloco defende a regionalização como alavanca para o desenvolvimento das mentalidades e da produção económica.
Nos últimos tempos tem-se visto que a linha aérea tem uma grande importância para a região. Como impedir que esteja tantas vezes suspensa?
As sucessivas suspensões são exteriores à região porquanto dependentes dos apoios europeus e estatais, dos concursos de concessão e do pagamento de taxas dos aeródromos. Estas questões são resolvidas com políticas de regionalização e com uma parceria sustentável e sustentada entre os empresários e as instituições das regiões envolvidas.
Deu entrada no Parlamento uma petição a favor da reabertura da Linha do Corgo. Acredita que o troço poderá reabrir? Se sim, de que forma e que mais-valias terá?
O Bloco defende a reabertura da Linha do Corgo e o desenvolvimento de uma ferrovia sustentável e eficaz em toda a região. Reivindica a abertura de vias ferroviárias que liguem as capitais de distrito. A linha do Corgo poderá ser uma fonte de desenvolvimento, nomeadamente ao nível turístico. O desenvolvimento de ferrovia permite uma maior mobilidade, uma ligação económica e cultural com as várias cidades do Norte do país e com Espanha e uma valorização de cidades periféricas resolvendo, desse modo, problemas de desertificação e concentração habitacional e, consequentemente, de especulação imobiliária.