Se a vida fosse uma linha reta, talvez não mostrasse as debilidades que lhe é própria, ou as surpresas que vão surgindo. São, por isso, naturais, os altos e baixos, as curvas e contracurvas. Num breve relance, é o que se pode constatar no ano de 2021. À guisa de balanço, deixo aqui alguns desses contrastes.
Passou no passado dia 27 o 1º aniversário sobre o início da vacinação em Portugal contra a Covid-19. Todos recordamos a esperança que isso nos trouxe.
Uns atrás dos outros, os portugueses disseram presente e, por seus próprios meios, ou com a colaboração das Câmaras e Juntas de Freguesia, foram-se deslocando aos centros de vacinação que o Governo e as Autarquias, em cooperação institucional organizaram. A vacinação primária aproxima-se de 90% e a dose de reforço já ultrapassa os 2,5 milhões. Com esta e com os 24 milhões de testes rápidos e PCR já realizados, o país ganhou um claro avanço sobre o SARS-CoV-2. Claro que também há manifestações contra esta e outras medidas. Aliás, importantes meios de prevenção. Contrastes! Janeiro foi um mês muito mau. Depois chegou alguma bonança e o ano melhorou muito. A área da saúde respondeu bem às necessidades, a economia acompanhou o esforço de todos e aí estão alguns números para o comprovarem: dados do INE mostram que “tomando como referência valores trimestrais, o saldo das Administrações Públicas no 3.º trimestre de 2021 atingiu o valor positivo de 1.904,1 milhões de euros, correspondentes a 3,5% do PIB, o que compara com -4,2% no período homólogo de 2020”, o que significa que o “défice diminuiu 2,0 pontos percentuais, para 3,9% do PIB”. Por seu lado, a taxa de desemprego baixou, no 3º trimestre, para 6,1%, inferior a 2019.
Não o penso, mas estes e outros dados parece terem toldado o espírito de alguns dirigentes políticos. Daí, a estranheza de algo que não recordo ter acontecido nos quase 47 anos de democracia, a reprovação, logo na votação na generalidade, do Orçamento de Estado para 2022. E o conjunto de medidas que estavam preparadas, com tanto esforço, de técnicos, de governantes, resultado de muitos sacrifícios que os portugueses fizeram devido a esta pandemia – já lá vão 2 anos- , ficaram em espera. A recuperação de salários que, progressivamente, se vinha conseguido, os apoios sociais e às empresas, que tanto ajudaram no combate à crise tornou evidente que Portugal estava a avançar e no bom caminho. Tudo a evidenciar um 2021 de contrastes. Que 2022 seja melhor!