Quinta-feira, 12 de Dezembro de 2024
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Um terço da população do meio rural de Bragança abastecida por autotanques

Cerca de um terço da população que vive no meio rural no concelho de Bragança está a ser abastecida de água por autotanques devido à seca, que levou o município a anunciar hoje medidas de poupança

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O meio rural é o que “mais preocupa” a autarquia de Bragança que, desde fevereiro, está a levar água em autotanques, em colaboração com os bombeiros, a 26 aldeias do concelho, onde vivem perto de quatro mil pessoas, segundo o ponto da situação relativo à seca feito hoje pelo município.

A maior parte dos 34.589 habitantes do concelho vive na cidade, concretamente mais de 22 mil, com o abastecimento assegurado pela barragem de Serra Serrada, que ainda tem água para mais três meses sem chover, e pela reserva estratégica da barragem de Veiguinhas, que está cheia e só é utilizada em situações extremas.

Cerca de 12 mil pessoas vivem nas 114 aldeias do concelho, algumas das quais necessitam recorrentemente de ser abastecidas com autotanques no verão, quando aumenta a população com a chegada de emigrantes e turistas.

O que está a acontecer este ano é que os números são “três vezes superiores à média dos últimos três anos”, segundo disse hoje o presidente da câmara, Hernâni Dias, com 26 aldeias e quase quatro mil pessoas a precisarem de transporte de água.

Embora as necessidades não sejam diárias, como referiu o autarca, em meio ano os camiões cisterna já fizeram 350 viagens e o município gastou 20 mil euros porque as 105 captações e 68 furos artesianos que abastecem estas populações não conseguem encher os depósitos.

O número de pessoas afetadas pela falta de água é superior ao avançado, na quarta-feira, à Lusa pelo autarca que falou de “25 aldeias e mil pessoas” a serem abastecidas por autotanques, à margem da assinatura de protocolos com a Agência Portuguesa do Ambiente (APA), em Carrazeda de Ansiães.

Bragança foi um dos municípios contemplados com financiamento para o reforço de autotanques através do Fundo Ambiental, que disponibilizou 1,3 milhões de euros para mitigar a falta de água em sete concelhos de Trás-os-Montes.

Deste montante, um milhão destina-se ao transporte de água em autotanques a cerca de 11 mil pessoas de mais de 50 localidades de cinco concelhos, nomeadamente Bragança, Carrazeda de Ansiães, Mogadouro, Macedo de Cavaleiros e Alijó.

Apesar de garantir que os depósitos das aldeias afetadas em Bragança têm capacidade suficiente, o presidente da câmara reconheceu que existem problemas estruturais nas redes que precisam de ser reabilitadas e que este ano estão também a ser afetadas pelo calor.

Segundo disse, o município já registou “o dobro” das ruturas de anos anteriores, “porque o terreno fica mais seco, mais pesado” e causa danos nas canalizações.

Hernâni Dias salientou que a situação este ano é mais complicada e prova disso é que o município está “a levar água a algumas aldeias que nunca tinham tido problemas”.

A autarquia lançou uma campanha de sensibilização à população de todo o concelho para a poupança de água, nomeadamente evitar regar hortas, jardins, viaturas e encher piscinas com água da rede, tanto no meio rural como urbano.

O município diz que está a dar o exemplo com a instalação de redutores de água nas torneiras e autoclismos dos edifícios municipais, redução das lavagens da frota municipal e que vai acabar com a rega de alguns jardins e espaços verdes, apesar de parte ter como fonte sistemas alternativos.

O autarca referiu ainda que o município tem vindo a criar charcas, que já existem em “mais de metade das freguesias” do concelho e onde as pessoas podem ir buscar água para as hortas e dar de beber aos animais.

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