Alguns persistem mesmo em não querer ver o que salta aos olhos. Depois, claro, têm que ser os de fora a chamarem-nos a atenção e a convidarem-nos a descer ao real.
Sensíveis aos problemas dos outros, os portugueses vão dando bons exemplos. Moçambique e a região à volta da cidade da Beira são bons e elucidativos exemplos. Afinal, continuamos a sentir-nos próximos, mesmo que a grande distância física. Mas quando se fala em receber crianças e as mães, filhas da guerra na Síria, logo aparece quem não resista aos piores impropérios, denotando um espírito bem mesquinho.
Quando se tomam decisões na governação do país que reduzem o esforço individual e das famílias para se deslocarem, logo surgem os arautos da igualdade a pugnar por semelhante tratamento para os que, dizem, “não têm transportes públicos”. Alguns até esquecem que nunca foram capazes de erguer a voz contra as estratégias concentradoras através do que, pomposamente, apelidavam de “a política de cidades”. Lembram-se dos que enchiam a boca da expressão “cidades médias”? Nessa altura, tinham (ou podiam) espaço de manobra para se fazerem ouvir. E, de dedo em riste, acusam: eleitoralismo. As boas medidas, por alguns, serão sempre assim apelidadas. Não veem a trave no seu olho, mas o pequeno cisco no dos outros.
Quando as opções começam a mostrar bons frutos, logo se inventam situações perturbadoras. Agora, passam-se a pente fino as relações familiares. Porque são um risco para a boa governação da república. Outro tipo de relações pouco interessam, mesmo que tenham levado ao enriquecimento de alguns em prejuízo do erário público.
Quando está prestes a ser divulgado o bom resultado dos descontos para a Segurança Social é posto a circular um estudo que nos traz mais um papão: o aumento da idade de reforma para os 69 anos. Propostas não exequíveis nem eficazes, pelos vistos. O que se pretendia fazer esquecer com essa publicação era o aumento dos excedentes, que ultrapassou os 18 mil milhões de euros, gerados em grande medida, pelas receitas das contribuições, que aumentaram, porque também aumentou o emprego e passou a haver mais contribuintes, assim como pela boa gestão do Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social.
A Câmara dos Comuns mantém-se, ao que se vê, sem rumo nas andanças do Brexit. E o Conselho Europeu, pacientemente, repete as cimeiras. Daí que o Filósofo francês Bernard-Henri Lévy afirme, em recente entrevista à TVI24, que “é muito difícil impedir um povo de se suicidar”. Contrapõe Portugal como um país que não se “esquece dos fundamentos da Europa, dos seus valores”. Realça, como também fazem outros analistas, as opções de políticas sociais que têm vindo a ser valorizadas em Portugal. Que outros países da União Europeia estão a ver de forma muito positiva.