Vejamos: A Venezuela era, e é, um país com imensos recursos naturais, em particular jazidas de petróleo, que proporcionou um grande crescimento económico, e o torna um território apetecível, para a emigração europeia, em particular para todos os que se expressam em castelhano ou português. No caso português, foram os madeirenses, quem mais procurou este destino, para ali se dirigido, desde há décadas, centenas de milhares de concidadãos nossos… Calcula-se que a colónia portuguesa ultrapassa hoje mais de quatro centenas de milhares de cidadãos, o que somado aos seus ascendentes e descendentes, – a comunidade luso-venezuelana, ultrapassa um milhão de pessoas.
O processo de desintegração político e social dos últimos trinta anos é bem conhecido, culminando agora num verdadeiro caos económico e social, com um enorme sofrimento para o seu (desgraçado) povo.
Não cuidaremos de analisar aqui o desenlace do que se possa vir a passar nos próximos tempos (dias, meses ou anos), mas acompanhamos naturalmente com enorme angústia, o sofrimento daqueles nossos compatriotas, que de um momento para o outro se podem ver obrigados a deixar tudo, para salvarem, ao menos, a própria vida.
A comunidade internacional começa, finalmente, a tomar posição em relação a quem tem a grande responsabilidade política por este caos a que se deixou chegar este país. União Europeia, Estados latino-americanos, Canadá e EUA, já se alinharam, condenando o regime do Sr. Maduro ainda Presidente na altura em que escrevemos, embora outros países, infelizmente, continuem a entender não o fazer. Lá terão as suas razões.
O que nos merece uma veemente condenação é a posição, em Portugal, do Partido Comunista, que se mostra completamente insensível com o sofrimento dos nossos compatriotas luso-venezuelanos, num seguidismo político radical de extrema-esquerda, que não nos surpreende, mas que não podemos deixar de condenar. Uma verdadeira vergonha, como já se tinha registado em 1975.
Não menos preocupante é a atuação da ONU – Organização das Nações Unidas, que existe, a nosso ver, para prevenir e se necessário intervir, em situações de emergência e de conflito, como o que se vive naquele desesperado país sul-americano. Pode perguntar-se, para que serve o Conselho de Segurança, se não é para acautelar a segurança e a tranquilidade de pessoas e bens.
Até porque se alinham no Conselho de Segurança a maior parte das potências com capacidade militar para impor a ordem e impedir os atos de violência a que diariamente se assiste, naquele e em outros territórios em que grassam guerras civis. No caso particular da Venezuela, em que está em causa também uma tão grande comunidade de cidadãos lusos, estranhamos, que o Secretário-geral Dr. António Guterres, não se tenha empenhado até agora, pelo menos que seja de conhecimento público, em forçar uma solução de paz junto do Conselho de Segurança, para que a violência não atinja contornos incontroláveis.
Os portugueses estarão orgulhosos por ter um compatriota seu em tão honroso cargo internacional. Pedir-lhe porém, que saia do seu conforto e aja, em defesa dos seus concidadãos, parece não ser exigir demasiado.
Enquanto é tempo.