Esta compra de ações foi concretizada por ordem do Governo, assegurando uma participação residual de 0,24% no capital da empresa, que gere o serviço universal postal.
Do lado de quem defende que os CTT devem estar na esfera pública, aponta-se que os serviços postais são um setor estratégico e que, por esse motivo, devem estar sob o controlo do Estado. Mas, os números relativos à evolução do volume do tráfego postal em diversas empresas europeias, entre 2013 e 2022, demonstram que a área de negócio está em declínio acentuado em toda a Europa. Sejam empresas públicas ou privadas. Os cidadãos enviam cada vez menos correio tradicional, mesmo as empresas recorrem cada vez menos ao envio de faturas pelo correio, fazendo-o através de meios alternativos (mais rápidos, mais cómodos e mais baratos) como o e-mail.
O volume de tráfego postal dos CTT baixou 38% entre 2013 e 2022, sendo que houve quedas ainda mais impressionantes na Europa, como por exemplo a da Posten Bring, na Noruega (-83%) e a da Post Nord, na Suécia e Dinamarca (-81%). No caso dos CTT, o segmento ainda é lucrativo, mas em algumas das empresas analisadas já gera elevados prejuízos.
A privatização dos CTT rendeu 909 M€, em 2013. Hoje, a empresa vale, em bolsa de valores, 510 M€, menos 44%. A diversificação da oferta de serviços para setores como a distribuição de encomendas e banca trava o declínio, mas são setores com elevada concorrência.
Perante os números atuais, torna-se difícil justificar a relevância estratégica dos CTT para o Estado, como era há algumas décadas, já que é cada vez mais uma distribuidora de encomendas (setor onde há dezenas de empresas a operar em Portugal) e um banco (já existe um banco público).



