Quinta-feira, 12 de Dezembro de 2024
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Eduardo Varandas
Eduardo Varandas
Arquiteto. Colunista n'A Voz de Trás-os-Montes

A Europa como espaço de liberdade e tolerância

No momento em que escrevo esta crónica, sábado, véspera das eleições para o Parlamento Europeu, está na altura de fazer um pequeno balanço sobre a campanha eleitoral e alguns comentários acerca da nossa integração na União Europeia (UE).

Assistimos nesta campanha eleitoral a uma maior preocupação em discutir a política doméstica e a intriga partidária do que colocar o acento tónico nos verdadeiros temas europeus. Devo dizer que sou um europeísta convicto, não só por razões históricas e geográficas, não alinho nessa onda de pseudo-nacionalismos que despontam um pouco por quase toda a Europa, mas também porque tenho consciência que Portugal tem recebido mais da UE do que o seu contrário. Para justificar esta minha afirmação, dou alguns exemplos, comparando a situação de Portugal, em todos os aspetos, antes e depois da sua integração europeia. 

Vejamos que, de há uns anos a esta parte, é inegável o salto qualitativo nos mais diversos setores da vida nacional de que se podem destacar os seguintes: melhoria das vias de comunicação (Portugal tem hoje das melhores redes de autoestradas da Europa), melhor rede hospitalar, aposta bem sucedida na requalificação urbana, extensão do saneamento básico a uma grande percentagem do território nacional, eletrificação quase total do País, desenvolvimento de equipamentos sociais de apoio à terceira idade e à infância, só para citar alguns. Tudo isto tem sido fruto dos apoios recebidos através dos fundos estruturais europeus, de que são exemplo o QREN e o FEDER. Sei bem do que falo, porquanto tenho estado envolvido nalguns projetos de caráter social que têm beneficiado desses apoios na ordem dos 75% a 85%.

Sem esses apoios o nosso desenvolvimento, nos setores atrás referenciados, seria uma miragem, isto é, dificilmente seriam alcançados os níveis de progresso registados.
Há ainda um outro aspeto não menos relevante, na vertente social, cultural e comercial, com enfoque na livre circulação de pessoas e bens e na criação da moeda única. Só a vantagem advinda da simplificação administrativa, que permitiu a todos os cidadãos europeus viajar livremente, sem passaporte, no seio dos Estados membros da UE, é um dado que, só por si, vale bem a condição de pertencermos a uma comunidade de nações que comungam dos mesmos ideais de liberdade e tolerância. Por outro lado, a facilidade de viajar sem necessidade de trocar de moeda, nos países onde vigora o euro, é um fator que devemos valorizar, entre outras razões, por fortalecer as relações de intercâmbio comercial, cultural e social sem paralelo na história da Europa. 

Não posso terminar estes breves apontamentos sem referir que no nosso espetro partidário há quem defenda maioritariamente, e bem, a nossa permanência na UE e até o seu aprofundamento, contrariamente a outras formações partidárias, felizmente minoritárias, que, incoerentemente, perfilham da nossa saída, dizendo mal de tudo e de todos, funcionando como autênticos cavalos de Tróia, sem no entanto, abdicarem dos privilégios que usufruem daquilo que tanto criticam.

Apesar de algumas insuficiências e discrepâncias, que existem naturalmente, a UE constitui um espaço de liberdade que importa preservar e desenvolver, em contraponto com o que se passa na esmagadora maioria de outros pontos do globo, onde permanece a indigência, a escuridão, a intolerância e o ódio mais primitivo, como no tempo da idade média.

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