Jornalista, a avaliar pelo que colegas daquela rádio dizem quando se referem a ele. Pois, a frase em epígrafe foi por ele repetida mais que uma vez. Garanto que não desperdicei aquela hora do meu tempo, ouvindo-o. Há mais que fazer e coisas mais importantes para nós e para a sociedade.
Pois foi assim que se referiu a acontecimentos, admito, nada edificantes, que terão ocorrido num determinado Ministério. Fez eco de ”notícias”, algumas muito pouco verosímeis, que têm feito manchete de uma imprensa pouco cuidadosa nas fontes que usa e com profissionais para quem “rigor e exatidão dos factos” não é propriamente uma preocupação. Entra na onda, como alguém dizia, porque é o que está a dar. Afinal, não será para estranhar, pois pessoas que desempenharam as mais altas funções do Estado também enveredaram pelo caminho de afirmações gratuitas e não escondem alguma emulação. Quando jornalistas e dirigentes partidários não são capazes de falar de outros assuntos que não os relativos ao que apelidam de turbulência nos bastidores do poder, aliás, generalizando a partir de um acontecimento, ou afirmam que o país está numa “trajetória de empobrecimento”, como fez o ex-Presidente da República Cavaco Silva, quando se referia ao atual Governo.
Generalizar a partir de um facto, para mais sem conhecimento preciso do que se passou, não é um bom princípio. O Código Deontológico dos Jornalistas é muito preciso no nº 1: «O jornalista deve relatar os factos com rigor e exatidão e interpretá-los com honestidade». Rigor, exatidão e honestidade não se coadunam com a generalização gratuita. Quanto à “trajetória de empobrecimento”, aí estão os dados de instituições internacionais ou de agências de notação financeira para a contrariar, já que a economia portuguesa cresceu no primeiro trimestre deste ano 2,5% em termos homólogos, sendo o terceiro melhor desempenho na União Europeia. E a projeção da Comissão Europeia vai no mesmo sentido. Também o Fundo Monetário Internacional acompanha estas entidades. E a Agência de Notação Financeira Moody’s melhora a perspetiva para o rating de Portugal, passando de estável a positivo. Afinal, aqui, sim, há contradições. Nem tudo estará no ótimo, aceita-se. Mas está bem melhor do que as aves de mau agoiro enunciam.