E, pela primeira vez, esse convívio não aconteceu no Seminário, mas ali bem perto: em Lordelo. Continuou-se a ter farinha de pau, como aperitivo tradicional. E que boa que ela estava!
Lá apareceram cerca de 100 ex-alunos dos muitos mais que fomos. Quem pôde, apareceu com as esposas. Foi uma festa de cantar e encantar. Tanto mais que este ano as celebrações decorreram em tom musical. É de música e de músicos que pretendo dar nota especial. O seminário de Vila Real abriu portas aos primeiros alunos, em 23 de outubro de 1930. Vai fazer 89 anos em outubro. É a idade de uma vida. Mas custou não ir ao Seminário, onde tantas vidas se formataram para a sociedade!
Aí revivemos como se fossemos irmãos. Uma geração de muitas gerações. Nunca senti nesses convívios anuais, rancores, ódios, escândalos desses que povoam governos, instituições anormais, bandos de malfeitores.
Além do latim e do grego, nos seminários cultivava-se a música. O Padre Minhava (1919-2016) foi um «fenómeno», não apenas um bom professor e compositor. Foi alguém que não parecia deste mundo: produzia, reproduzia, ensinava, contagiava, regia, compunha, letrava. Era um verdadeiro mestre, na arte de partilhar com todos aqueles com quem convivia. Ingressou no Seminário em 1931. Pertenceu à segunda fornada e viveu, quase sempre, em Vila Real, onde um antigo aluno Barrosão, há dois anos atrás, custeou um busto nos subúrbios da Igreja de Nossa Senhora da Conceição.
Fruto da sua docência, deixou boa meia dúzia de alunos que o honraram, como: Padre Matos, José Luís Borges Coelho, Altino Moreira Cardoso, Normando Machado e outros cujos nomes me não me ocorrem.
Este Transmontano de Ermelo, terá confidenciado a outro distinto aluno, Mons. Salvador Ribeiro, a proteção do seu espólio musical. Este terá convidado Altino Moreira Cardoso para, conjuntamente, reunirem em livro de 848 páginas, essas músicas e também letras, quase todas, da autoria das músicas. Alguns seus alunos, a saber: António Cabral, Manuel Cardona, Magda Flor, Rómulo Ribeiro, Camilo de Araújo Correia, Barroso da Fonte, Heitor Morais, Couto Viana, José Vieira, José Maria dos Santos, Joaquim Ferreira e irmãos Padres João e Salvador Parente. No Prefácio, Altino Moreira Cardoso cita esses elementos informativos que ajudam a compreender esta volumosa obra. Ela mostra parte do poder criativo de Ângelo Minhava, do trabalho Hercúleo dos Irmãos João e Salvador Ribeiro e a tarimba editorial de Altino Cardoso que – também ele – é dotado. Em 2018 publicou «400 canções» da sua lavra, num volume de 530 ps. Por último um aplauso à homenagem prestada pela Associação dos Antigos Alunos ao vivíssimo Jurista Normando Machado, uma vedeta que faz da música e com música, em qualquer ambiente, uma festa quase divina.