Sexta-feira, 13 de Dezembro de 2024
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Luís Tão
Luís Tão
Vereador do PSD na Câmara Municipal de Vila Real

Apoiemos os agricultores

Temos assistido por toda a Europa e também em Portugal, ao protesto de milhares de agricultores, com bloqueio de estradas, portos e fronteiras.

Também em Vila Real na passada semana, centenas de veículos agrícolas invadiram as ruas e os agricultores trouxeram à cidade, a revolta que sentem nos campos.

Entre as reivindicações, legitimas, os agricultores exigem mais apoios ao Estado, melhores condições de trabalho e valorização dos produtos, a redução de impostos nos custos de produção, uma menor concorrência dos produtos dos países terceiros e menos regulação europeia sobre a sua atividade.

A Associação dos Jovens Agricultores de Portugal divulgou recentemente que a percentagem de agricultores portugueses com idade superior a 55 anos que se situa nos 66% sendo que destes, 58% já ultrapassam os 65 anos e 17% os 75 anos. Ou seja temos a população agrícola mais envelhecida e a menor taxa de rejuvenescimento dos agricultores (3,9% para uma média europeia de 10%). Este cenário, que se verifica apenas na agricultura em Portugal, denota a falta de investimento e apoio que este setor tem vindo a receber por parte do governo nos últimos 8 anos.

No roteiro pelas freguesias rurais, que realizamos no âmbito da iniciativa da Concelhia do PSD de Vila Real, tenho contactado muito de perto com os denominados agricultores do minifúndio, que produzem para seu auto sustento aproveitando os excedentes para venda, e com outros agricultores que se dedicam à agricultura biológica em maior escala, e o sentimento é comum. Os preços baixíssimos aos quais têm de vender os seus produtos e que regularmente não cobrem sequer os custos de produção, a excessiva regulamentação administrativa, de quem, por exemplo, faz uma candidatura anual aos apoios à atividade agrícola através do Plano Estratégico da Política Agrícola Comum, o tempo de espera, as burocracias, as licenças e autorizações, os atrasos nos pagamentos, a regulamentação mais rígida que a de outros países, têm um denominador comum: a perda de relevância política da agricultura, a atividade económica mais nobre desde a antiguidade. Para além de contribuir para a soberania alimentar, é também a que mais poderá contribuir para a fixação das populações no meio rural e para a preservação da biodiversidade.

A verdade é que em tempos de crise e de inflação, o Governo nunca esteve ao lado dos agricultores, considerados desde sempre o parente mais pobre da cadeia de valor alimentar desde a produção até ao consumidor final. Temos de ter coragem de confiar em quem investe, em quem produz, adotar outras estratégias, outras políticas que valorizem e estimem a agricultura, que simplifiquem procedimentos, que privilegiem uma gestão eficaz dos apoios comunitários e uma verdadeira redução da burocracia ao invés da habitual “distribuição de migalhas” que tem acontecido. Também ao nível das autarquias está na hora de pensar em estratégias locais de apoio aos nossos agricultores, para que o suor das suas mãos seja devidamente valorizado por todos nós.

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