Terça-feira, 25 de Março de 2025
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Bruno Carmo
Bruno Carmo
Mestre em Riscos, Cidades e Ordenamento do Território

“Complicómetro”

O despovoamento do interior é uma tendência característica de alguns países europeus. A nossa vizinha Espanha, a par de Portugal, é também afetada por este problema sociodemográfico. As cidades do interior de Espanha podem perder aproximadamente um milhão de habitantes nos próximos 15 anos.

Fonfria (Teruel, Espanha), por exemplo, perdeu 90% da sua população em 50 anos. Em Portugal, os municípios do interior perdem continuamente população.

Entre 2010 e 2020, o Concelho de Bragança perdeu aproximadamente 2000 habitantes. Em Chaves, esse valor foi ligeiramente superior e em Torre de Moncorvo a descida ascendeu a menos 20%, segundo os últimos Censos.

Perante o cenário, a União Europeia lançou o programa “aldeias inteligentes” com o objetivo de revitalizar os territórios de baixa densidade.

Em Itália há casas à venda pela quantia de um euro para fazer face à saída dos cidadãos.

Por cá, o Governo optou pela promoção do programa “Interior+”. Há também medidas a nível local, com alguns municípios a promover medidas de incentivo à natalidade (Celorico da Beira, por exemplo, dá 1000 euros às famílias por cada nascimento).

Pelo meu aniversário, os meus irmãos ofereceram-me um espetáculo de comédia. Durante aquelas horas, um dos humoristas descreveu um fenómeno existente no sexo feminino: chamou-lhe “complicómetro”.

Estamos a falar de algo semelhante a um botão que é ativado no cérebro das mulheres para complicar as coisas quando, aparentemente, está tudo bem com o companheiro… Se está tudo bem, elas fazem questão de nos chatear.

A questão é que o “complicómetro” não se limita apenas às relações amorosas. Há um contágio também para as notícias da televisão.

Segue uma análise detalhada:

– Notícia número um: o interior do país está a perder cada vez mais população;

– Notícia número dois: alguns municípios do interior perderam mais de 900 habitantes entre os Censos;

– Notícia número três: Governo anuncia medidas para combater o despovoamento do interior;

– Notícia número quatro: Gastos elevados no transporte de alunos de aldeias remotas do interior;

– Notícia número cinco: Educação é o principal elevador social de fuga à pobreza.

Em que ficamos? Os pais são bem-vindos para trabalhar no interior, mas os filhos dão prejuízos no transporte para aceder ao direito à educação? A culpa? É da existência de aldeias remotas. Como dizia a minha avó, que viveu numa aldeia remota, “não há rosas sem espinhos”.

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