Fonfria (Teruel, Espanha), por exemplo, perdeu 90% da sua população em 50 anos. Em Portugal, os municípios do interior perdem continuamente população.
Entre 2010 e 2020, o Concelho de Bragança perdeu aproximadamente 2000 habitantes. Em Chaves, esse valor foi ligeiramente superior e em Torre de Moncorvo a descida ascendeu a menos 20%, segundo os últimos Censos.
Perante o cenário, a União Europeia lançou o programa “aldeias inteligentes” com o objetivo de revitalizar os territórios de baixa densidade.
Em Itália há casas à venda pela quantia de um euro para fazer face à saída dos cidadãos.
Por cá, o Governo optou pela promoção do programa “Interior+”. Há também medidas a nível local, com alguns municípios a promover medidas de incentivo à natalidade (Celorico da Beira, por exemplo, dá 1000 euros às famílias por cada nascimento).
Pelo meu aniversário, os meus irmãos ofereceram-me um espetáculo de comédia. Durante aquelas horas, um dos humoristas descreveu um fenómeno existente no sexo feminino: chamou-lhe “complicómetro”.
Estamos a falar de algo semelhante a um botão que é ativado no cérebro das mulheres para complicar as coisas quando, aparentemente, está tudo bem com o companheiro… Se está tudo bem, elas fazem questão de nos chatear.
A questão é que o “complicómetro” não se limita apenas às relações amorosas. Há um contágio também para as notícias da televisão.
Segue uma análise detalhada:
– Notícia número um: o interior do país está a perder cada vez mais população;
– Notícia número dois: alguns municípios do interior perderam mais de 900 habitantes entre os Censos;
– Notícia número três: Governo anuncia medidas para combater o despovoamento do interior;
– Notícia número quatro: Gastos elevados no transporte de alunos de aldeias remotas do interior;
– Notícia número cinco: Educação é o principal elevador social de fuga à pobreza.
Em que ficamos? Os pais são bem-vindos para trabalhar no interior, mas os filhos dão prejuízos no transporte para aceder ao direito à educação? A culpa? É da existência de aldeias remotas. Como dizia a minha avó, que viveu numa aldeia remota, “não há rosas sem espinhos”.