Terça-feira, 18 de Março de 2025
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Paulo Reis Mourão
Paulo Reis Mourão
Economista e Professor Universitário na Universidade do Minho. Colunista n'A Voz de Trás-os-Montes

Criativos e Cidades Criativas

O conceito de Cidade Criativa tem tanto de poético como de potencialidade de desenvolvimento para as pessoas e paras as comunidades.

Sem alargar o conceito para uma base maior, uma Cidade Criativa é aquela que tem gente inovadora, que cria cultura, que valoriza a tradição sem esquecer a projeção de novas dinâmicas. Nessa sustentação, a UNESCO explorou o conceito desde há 20 anos a esta parte, contando hoje com dezenas de Cidades Criativas espalhadas pelo mundo, chegando em breve ao título atribuído a duas centenas de comunidades urbanas.

Em Portugal são já nove as Cidades Criativas: Idanha-a-Nova, na música, desde 2015; Óbidos, literatura, também desde 2015; Amarante, música, desde 2017; Barcelos, artesanato, desde 2017; Braga, artes mediáticas, desde 2017; Leiria, música, desde 2019; Caldas da Rainha, artesanato, desde 2019; Santa Maria da Feira, gastronomia, desde 2021; Covilhã, design, desde 2021.

Existem alguns esforços (iniciados) na região transmontana para algumas cidades terem este título atribuído pela UNESCO, nomeadamente Bragança.

Sem esquecer que os rótulos UNESCO aproveitam a agenda da UNESCO (nomeadamente a capacidade de alargar a sua influência noutros domínios do património, especialmente na cultura e tradições urbanas e de registo imaterial), ser Cidade Criativa pode trazer alguns benefícios. Para lá de incentivos sobre os fluxos turísticos por ocasião dos momentos de celebração, o reconhecimento/certificação da UNESCO traz um prémio internacional, podendo a cidade projetar a sua presença em redes complementares das existentes. Por exemplo, há turistas a visitarem as rotas das cidades criativas da música ou da literatura, não só numa escala nacional mas inclusive numa escala internacional.

Ainda assim, se perguntarmos a um habitante de Braga, Barcelos ou Amarante se sabe que vive numa cidade assim classificada poucos responderão que sim. Assim como poucos atestarão que ser o local Cidade Criativa trouxe benefícios tangíveis importantes para os mesmos respondentes.

Mas aqui reside o lado lunar da questão. Os ganhos poderão ultrapassar as contas de merceeiro medidas por mais receitas nos negócios locais. Uma cidade premiada como Cidade Criativa mostra que tem comunidades vivas, de criadores – sejam artesãos sejam criadores de conteúdos digitais, sejam compositores sejam escritores e poetas. Portanto, mais do que ser um fator de leitura economicista ser Cidade Criativa é um reconhecimento de terras que estão bem no processo de desenvolvimento. Que têm comunidades atentas às tendências globais. E que criam cultura além de defenderem a cultura recebida.
E como se sabe, a cultura não tem preço.

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