A hipertensão (HTA) continua a ser uma pandemia tratada de forma ineficaz com prevalência global de aproximadamente 35%, com cerca de 65% dos casos não controlados.
Os dados específicos de Portugal são ainda menos encorajadores, com prevalência estimada em cerca de 42% e taxas de controle muito abaixo dos 50%.
Além das mudanças no estilo de vida, os anti-hipertensores orais são o tratamento de primeira linha para pacientes com HTA. Contudo, estes podem ter efeitos adversos (tosse, tonturas, edemas pernas, disfunção erétil, etc.) e podem não ser tolerados por todos nas doses terapêuticas necessárias. Além disso, muitos pacientes com HTA não aderem consistentemente aos medicamentos prescritos, levando a um controle inconsistente da PA e aumento do risco cardiovascular.
Vários estudos de HTA controlada mostram que a queda de 10 mmHg na PA sistólica de consultório foi associada a uma redução de 13% na mortalidade por todas as causas e uma redução ainda maior em outros desfechos cardiovasculares.
A desnervação renal é uma técnica minimamente invasiva segura e eficaz que se tornou recentemente disponível para o tratamento da HTA em adultos não controlados com 3 ou mais fármacos. Pode ser uma opção terapêutica em doentes incapazes de tolerar a medicação anti-hipertensora a longo prazo, bem como em doentes que expressem a sua preferência em ser submetidos a esta técnica.
Os pacientes hipertensos não tratados demonstraram ter altos níveis de ativação do nervo simpático. A desnervação renal é uma opção de procedimento que pode impactar o sistema nervoso simpático e, deste modo, complementar as mudanças de estilo de vida recomendadas e a polimedicação vitalícia.
A desnervação renal percutânea consiste na aplicação de energia de radiofrequência dentro da artéria renal com foco na destruição dos nervos renais por meio de acesso arterial padrão e técnicas de cateterismo. A maioria dos casos é realizada por meio de combinação de anestesia local e sedação consciente.