Terça-feira, 13 de Maio de 2025
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O Pontificado do Papa Francisco

No dia em que sai este jornal, um novo conclave da Igreja prepara-se para dar início à eleição de um novo Papa.

Depois de uma semana de comoção, homenagens, elegias, panegíricos e análises críticas ao seu discurso e à sua ação, algumas surpreendentes, diga-se de passagem, as atenções viram-se agora para o possível sucessor. Não há pessoas iguais e ninguém tem de imitar ninguém, mas, honestamente, espero que muito do bom trabalho do Papa Francisco tenha continuidade, quer no estilo, quer na forma e na substância.

O Papa Francisco apresentou-se ao mundo e à Igreja como uma pessoa simples, boa e humilde, humana, como ser vigário de Cristo, certamente, o reclama. Não digo que os antecessores não o foram, mas no Papa Francisco isso foi mais notório, com autenticidade. Teve marcadamente um perfil de pastor, preocupando-se, sobretudo, por, nos seus discursos e homilias, que exigia curtas e de linguagem acessível, ser um pai que fala aos seus filhos, apontando caminhos, dando indicações, fortalecer a fé, dar ânimo e esperança, convidar à compaixão pelos doentes e pelos mais pobres, sem deixar de corrigir e repreender com resolução quando se apercebia de desleixos, desvios e erros que considerava perniciosos para a vida dos crentes e da Igreja. Sabia fazê-lo, muitas vezes, com bom humor, que recomendava aos crentes e não crentes. Foi acusado muito cedo de falar como um simples pároco de aldeia, com homilias muito diretas e sem grande pomposidade e brilhantismo literário e intelectual, mas nada o demoveu de ser como queria ser e de dizer como queria dizer, ser acima de tudo um pastor.

Do seu pontificado e do seus ensinamentos, ficam algumas linhas mestras: a preocupação central pelas periferias da Igreja e do mundo; a condenação de uma economia que gera escravidão, pobreza e desigualdade, uma “economia que mata”; a denúncia da cultura de descarte que impera nas sociedades contemporâneas, vergadas aos ídolos da eficácia, do rendimento, do bem-estar, do prazer e do dinheiro; a reprovação da guerra e dos muitos interesses que a alimentam, a “guerra é sempre uma derrota”; a sua inquietação ecológica, alertando para os riscos que o planeta terra enfrenta e a necessidade de uma nova cultura neste campo; procurou dar à Igreja um rosto mais acolhedor, misericordioso, próximo e missionário, uma Igreja em saída; por fim, deixou-nos uma palavra de esperança e lançou a 08 na Igreja. Será impossível que o futuro da Igreja não vá por aqui.

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