Adivinhava-se boa afluência da pequena comunidade da aldeia que me viu nascer. Que se passaria na cidade que me acolheu? – sussurrei. Afinal, aqui, como ali e um pouco por todo o distrito, a afluência às urnas foi maior que em 2021. Sim, recorda-se, era tempo de pandemia. Ainda bem que já o não é; ainda bem que a abstenção baixou.
Passados estes dias em que os partidos políticos e os movimentos de cidadãos já fizeram a sua reflexão – será que fizeram? –, algumas notas da minha lavra. A primeira, a constatação de ver quatro mulheres à frente de quatro municípios. Depois, as expetativas nas transições por força da lei de limitação de mandatos não trouxeram novidades significativas, com exceção de Vila Pouca de Aguiar, onde o Partido Socialista se aproximou claramente da solução alternativa. Os resultados espelham de um modo geral a boa imagem do trabalho dos autarcas. Assim, nos casos onde a maioria era algo instável, ela veio a consolidar-se, clarificando a situação. Pude constatar, ainda, que o que se apresenta como alternativa à imagem dos partidos políticos, o aparecimento de listas de cidadãos, se mostrou de difícil êxito, sobretudo, a nível de candidaturas a órgãos municipais. Lamentam-se, a propósito, atitudes nada democráticas de boicote e perseguição – umas reais, outras, menos visíveis, mas verosímeis – por parte de detentores do poder local. Quanto à limitação de mandatos, não passaram despercebidas tentativas diversas de contornar a Lei. Informações de várias proveniências mostram que os eleitores não gostam de malabarismos. É saudável que os espaços se abram para que outros possam fazer tanto ou mais. E benéfico para todos.
A epígrafe deste Visto surge a que propósito? perguntará o leitor. Pois! Tem a ver com as maiorias relativas que o povo criou, sim, mas, de igual modo, com as soluções de que o povo não gostou, assim como deve presidir a todo o trabalho autárquico, se quisermos dar valor a todos os votos expressos, livre e democraticamente, no passado dia 12. Como o sentido figurado atribuído ao original que Fernando Pessoa divulgou – Navegar é preciso – ultrapassar os obstáculos, por mais que isso custe para levar pão à capital do Império, Roma, dialogar é preciso para as melhores soluções para o desenvolvimento e bem-estar das comunidades locais: ao preparar as listas, ao elaborar o compromisso e, agora, a executá-lo.





