Eram chamados «The men of two faces», – pessoas de duas caras. Característica que não será apenas dos naturais da Inglaterra, como bem conhecemos, mesmo entre nós.
O que se tem visto, via ecrã televisivo, a partir da Câmara dos Comuns, não abona nada da eficácia do parlamentarismo inglês, que era tido com um exemplo em termos democráticos.
Teresa May, primeira-ministra, sai desta questão completamente desgastada e tida como incompetente. Em nossa opinião porém, o que ela tem demonstrado ao longo destes três anos, são as duas faces dos britânicos. Vejamos: Por proposta dos Conservadores foi feita uma consulta pública, para os eleitores opinaram sobre se deviam ou não sair da União Europeia. Por uma escassa margem de menos de 3%, o povo decidiu pela saída, mandatando o Governo britânico para a negociar. De que lado esteve a Sr.ª May? Do lado dos que não concordavam com a saída. O que é que ela politicamente deveria ter feito, se não tivesse duas caras, era obviamente demitir-se e não conduzir o processo.
O acordo negociado mostrou também, que os britânicos queriam sair, mas mantendo as regalias de permanecer dentro. As duas faces da moeda, em que têm sido hábeis, ao longo da sua longa história. Mas desta vez saíram-se mal, porque a quadratura do círculo não funcionou.
No nosso país, a governação dos últimos três anos e meio (Geringonça), denúncia claramente, que o Dr. António Costa também assume com naturalidade duas faces e por vezes contraditórias. Cá dentro, entende-se com os parceiros de extrema-esquerda, mesmo não democrática, como é o PCP e para a Europa, doura a pílula fazendo crer que o país cumpre as leis comunitárias em termos de equilíbrio financeiro. De tal sorte, que os parceiros comunitários até convidaram para chefiar o Eurogrupo, o Dr. Centeno, reputado economista com bom jogo de cintura. Ou seja, o Orçamento cumpre as regras comunitárias, mas a execução orçamental fica-se nas cativações, que estão a destruir o setor público da economia (veja-se o quase nulo investimento público em mais de três anos).
Voltando ao líder dos socialistas. Muito apreciamos agora durante a campanha, a sua ginástica mental discursiva interna, para não ferir os seus apoiantes de extrema-esquerda e a viagem relâmpago que fez a Paris, para se encontrar com o presidente francês e as juras de amor público que ali deixou sobre os compromissos do nosso país com o projeto europeu, quando se sabe que, em particular o PCP, o que gostaria era que abandonássemos este espaço de liberdade e de progresso e nos quedássemos pelo nosso cantinho no extremo da Península Ibérica.
Enquanto isso, a economia faz que anda mas não anda. Ou se anda, é mesmo poucochinho, terminologia que o próprio Primeiro-ministro utilizou aquando das anteriores eleições para o Parlamento Europeu.