Atingiu o topo da carreira e, desde Coimbra, onde se formou em direito, nunca se alheou aos gostos pela música, especialmente pelo Fado, quer no canto quer na guitarra. Por onde passou fez-se ouvir, como intérprete e como vocalista, fazendo da sua voz um instrumento dulcífero que inebriava quem o ouvia. Em Braga, onde reside, formou, com outros seus pares, um grupo que é convidado para cerimónias culturais, quer públicas, quer privadas, semeando, por onde passa, laivos de arte quase eterna que honra Coimbra, onde essa vocação se treina, até aos confins de Barroso, onde os seus «Moinhos» Turísticos, de Parafita que eterniza em baladas e cantatas poéticas que fazem inveja a qualquer oásis paisagístico.
Enquanto magistrado, embora sempre tenha feito uso desses dotes musicais e poéticos, não teve tempo para concretizar em livro, essas capacidades artísticas que reuniu em três títulos de poemas: Vivências (2013), Outono (2016) e Em Maio (2019).
Com o terceiro livro saiu um CD com 19 melodias, cada qual a mais bela e cativante. Desse grupo fazem parte, com Custódio Montes: Paulo Alão, Miguel Assis, Domingos Mateus, Luís Cerqueira e mais dois convidados: Fernando Gomes Alves e António Tomé.
Quer o CD quer as capas dos três volumes de poemas têm desenhos artísticos e alusivos aos temas de Domingos Mateus.
Custódio Montes é um distinto Barrosão que honra a sua aldeia, dignifica as Terras de Barroso, enriquece o Turismo, defende os usos e costumes de forma inconfundível, na maior parte da sua poemática e também na sua prosa, burilada, genuína e autêntica.
Apareceu na praça da canção depois de cumprida, de forma inequívoca, ao atingir o estrelado da magistratura. Investiu, por sua exclusiva conta e risco na construção dos moinhos turísticos. Ao contrário do que se possa pensar não mendiga apoios institucionais, que são legítimos, mas que habitualmente são negados a uns e, atribuídos a outros de forma afrontosa e discriminatória.
Como recensor literário vergo-me perante a autenticidade poética e prosaica de Custódio Montes. A sua ligação ao programa radiofónico dos Horizontes da Poesia, no mundo da Lusofonia, à pureza da sua linguagem, à fidelidade do léxico barrosão, ao exercício prático do linguarejar regionalista, estamos perante um estilista que merece ser aplaudido, em termos locais e de forma pública.
Montalegre tem celebrado no seu feriado Municipal – e bem – filhos ilustres que se distinguem por atos criativos e profissionais. Espero que a Câmara não se esqueça deste ilustre Barrosão.