Na conferência sobre a Alta Velocidade, que decorreu em Lisboa no passado dia 2 de setembro, aquando da partida do Connecting Europe Express, dezenas de especialistas europeus deram as boas-vindas a Portugal por também embarcar nesse comboio, apesar de o nosso país ainda só ter riscos desenhados no mapa e faltarem uns bons anos até construir o primeiro quilómetro destas vias-férreas do futuro.
Foram qualificadas como “o meio de transporte terrestre mais seguro. É verde e sustentável. Não se cumprirão as metas climáticas sem ele! É confortável e seguro.”
Carlos Secchi, coordenador do corredor Atlântico das redes transeuropeias, deu os exemplos da China e do Japão. Na China, o comboio de Alta Velocidade criou mais empregos, aumentou o crescimento de cidades secundárias, com maior sustentabilidade ecológica e com um rácio custo benefício positivo em centenas de milhões de euros.
Reconhecendo que a Europa está muita atrasada em relação à China e ao Japão, adiantou a opção de melhorar as redes existentes para conseguir velocidades médias de 160 km/h.
O atraso da Europa no domínio da Alta Velocidade é evidente. Para fazer a volta à Europa sobre Carris, com o Connecting Europe Express, houve uma composição entre Lisboa, Madrid, e Hendaia, outro que fará o grosso da origem pela Europa Central e Balcãs, e uma terceira composição só para os países bálticos. A diferença de bitolas (distância entre carris) é diferente na Península Ibérica, nos países bálticos e na Finlândia. Também se referiu nesta conferência, que em Portugal se está muito aquém no âmbito do FERROVIA 2020, estamos praticamente a eletrificar linhas, sem investir no aumento da velocidade.
O nosso país fez tudo ao contrário, desde pelo menos os anos 50 do século passado, quando deixou cair as linhas de ramal reduzido, como são exemplos estas do Corgo, do Tua, do Sabor e do Tâmega. O que significa, que há que arrepiar caminho agora, se queremos agarrar o barco da descarbonização, como várias vezes temos ouvido nas declarações públicas do atual Ministro do Ambiente, que não se cansa, e bem, de defender carbono zero até 2050. Já não se pede, nem se exigem velocidades estratosféricas, porém há que fazer os impossíveis para retirar os transportes motorizados das nossas estradas e dos arruamentos das nossas cidades.
Porque, mais vale tarde do que nunca!