Sábado, 25 de Janeiro de 2025
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Armando Moreira
Armando Moreira
| MIRADOURO | Ex-presidente da Câmara Municipal de Vila Real. Colunista n'A Voz de Trás-os-Montes

Fogos florestais

Não há como fugir ao tema dos incêndios na floresta, depois da devastação a que se assistiu, em direto, via TV, ao “espetáculo” da Serra da Estrela, durante dias sucessivos.

Há que tirar consequências e prevenir melhor estas situações. Diga-se que é incorreta a designação de fogos florestais, porque o que se viu arder, foi mato de giestas, tojo e outras espécies rasteiras e, de quando em vez, quaisquer árvores (pinheiros, carvalhos, eucaliptos) dispersas pelo terreno. Mesmo assim não se aplaude a passagem do fogo, porque muita da vegetação espontânea é útil para as populações, em especial para o pastoreio dos rebanhos de cabras e ovelhas que ali existem. O incêndio deixou sem alimento as 75 mil ovelhas que restavam na Serra da Estrela, pondo em risco o sustento de três mil famílias.

O queijo da Serra da Estrela estava a recuperar dos danos ocorridos num fogo de 2017 quando, no passado dia 6, as chamas voltaram à montanha. Na serra há duas centenas de rebanhos que produzem 5,6 milhões de litros de leite, mil toneladas de queijo e 2 milhões de requeijão, enumera Paulo Barracosa, docente da Escola Superior Agrária de Viseu.
Já se percebeu que o aumento dos fogos rurais são também consequência do despovoamento do interior – abandono da agricultura e a falta de quem dê o alerta para o primeiro ataque ao fogo. Porém, a causa maior é mesmo a falta de prevenção outrora assegurada em permanência pelos Guardas Florestais e os respetivos ajudantes, alguns recrutados temporariamente para a limpeza destas áreas.

Num relatório da ONU a respeito da gestão destes espaços florestais, refere-se que o investimento a fazer deve contemplar dois terços das verbas no investimento à plantação de árvores, construção de acessos e aceiros florestais e obras de infraestruturas, e um terço para o combate aos incêndios.

Atrevemo-nos a sugerir que se reabram os Serviços Florestais, aproveitando até algumas construções que, apesar de abandonadas, persistem em lembrar os tempos em que as nossas serras eram uma referência pela disposição das espécies adequadas, em harmonia com a natureza, no respeito do terreno e até das especificidades do clima de cada área.
Para além de criar riqueza, a existência de floresta bem ordenada, implicará a presença de vigilantes permanentes, isto é emprego para muitas dezenas de pessoas – se não centenas de postos de trabalho.
Imagine-se a Serra da Estrela, ordenada e plantada, como estamos a sugerir, e perceba-se quanta riqueza não geraria para a região e para o país. Só é necessário, apenas, seguir os passos do passado.

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